As exigências do envelhecimento da população
Dilceu Sperafico
A população brasileira está envelhecendo com a pressa da juventude. Depois de ser conhecido como o país do futuro, devido à predominância da infância entre seus habitantes, a partir de 2035 o Brasil terá mais idosos do que crianças e adolescentes. Em 2050, a idade média da população será de 46,2 anos. Em 1980 era de 20,2 anos. Por incrível que possa parecer, na década de 40 eram raros os brasileiros que passavam dos 50 anos de idade, pois a expectativa de vida era de apenas 45,5 anos.
Menos de 70 anos depois, com avanços da medicina e melhorias das condições de vida, o índice chegou à média de 72,8 anos. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no início de dezembro de 2009, a elevação da expectativa de vida desde os anos 40 superou os 27 anos e somente nos últimos 10 anos avançou 3,2 anos.
Desde 1999, o órgão divulga anualmente a relatório sobre mortalidade da população, cumprindo o Decreto Federal 3.266. Os dados relativos a 1.º de julho do ano anterior, por sinal, são utilizados pela Previdência Social como parâmetros do fator previdenciário, observado na concessão de aposentadorias.
Segundo o último levantamento, em 1998 o brasileiro vivia em média 69,66 anos. Em 2008, as mulheres viviam 76,71 e os homens 69,11 anos. A projeção de especialistas é de que em 2050 chegue aos 81,29 anos.
Por isso, não demorará muito para que os idosos tenham maior participação na sociedade do que jovens. As crianças de zero a 14 anos, que eram 38,24% da população em 1980, são agora 26,04%. Enquanto isso, os maiores de 65 anos passaram de 4,01% para 6,67% no mesmo período. Em 2050, os jovens serão 13,15% e os idosos 22,71% da população total.
A mudança se deve à queda da taxa de natalidade, que caiu de 3,04% em 1950, para 1,64% em 2000, reduzindo na mesma proporção o crescimento da população brasileira. Conforme o levantamento, até 1960 a taxa de fecundidade superava seis filhos por mulher, caindo para 1,86 menos de 50 anos depois.
Por isso, nem mesmo a melhoria da qualidade de vida da população elevou o nível de reposição das gerações. Na última década, a mortalidade infantil caiu 30% no Brasil, reduzindo em 200 mil, o número de óbitos de crianças.
Entre 1970 e 2008, o índice de crianças mortas antes de completar um ano de vida caiu de 100 para 23,30 por mil nascidas vivas. Em países desenvolvidos, a taxa é inferior a 10. Além disso, a mortalidade na juventude também continua elevada no País.
De 1998 a 2008, mais de 272 mil jovens de 15 a 24 anos morreram por causas externas no Brasil, o que representa a média de 68 óbitos diários. Conforme especialistas, sendo mantidas as atuais tendências e parâmetros da projeção da população, o Brasil segue rapidamente para um perfil demográfico cada vez mais envelhecido, o que exigirá muito de governantes e da sociedade.
O fenômeno exigirá de governantes e legisladores adequações da legislação e de políticas sociais, especialmente daquelas voltadas às crescentes demandas nas áreas da saúde, previdência e assistência social, de parte da população idosa.
Da mesma forma, implicará na adaptação das próprias famílias, das residências e das cidades, para o atendimento das necessidades e expectativas dos nossos queridos idosos, pois precisamos zelar cada vez mais e melhor e usufruir da sabedoria de nossos pais, avós e bisavós.
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