Tai Chi Chuan em benefício da saúde do idoso.
Dados do IBGE apontam que a porcentagem de idosos na população do país vem aumentando. Atualmente, correspondem a cerca de 9,84% do total de habitantes e em poucos anos podem chegar a aproximadamente 30%. Não à toa, estudos na área de saúde se voltam a melhorias na qualidade de vida desta parcela da sociedade que enfrenta, entre outros fatores, problemas relacionados ao movimento e equilíbrio. Pensando em apresentar uma nova forma de combater essa questão, o médico Egídio Dórea, coordenador do Ambulatório de Doenças Médicas e Insuficiência Renal Crônica do Hospital Universitário (HU) da USP, desenvolveu um vídeo que mostra como o tradicional Tai Chi Chuan pode auxiliar na prevenção de quedas em idosos. A peça será utilizada em atividades do próprio HU e, ainda em 2010, chegará a outras instituições da rede pública.
Segundo ele, entre 30 a 40% dos indivíduos com mais de 65 anos sofrem quedas uma vez ao ano, e 60% apresentam fatores de risco como fraqueza nos membros inferiores, diminuição da acuidade visual, da reatividade, do reflexo e da propriocepção - termo utilizado no meio médico para descrever a percepção que alguém tem do próprio corpo, dos movimentos e das mudanças no equilíbrio e na posição articular. Dórea diz que, devido a esta capacidade - que diminui com o envelhecimento -, conseguimos, por exemplo, subir uma escada no escuro sem cair.
A ideia de usar o Tai Chi Chuan como alternativa na prevenção de quedas começou com a indicação de uma paciente que conhecia o especialista na prática Chow Chin Chien, de 93 anos de idade e 40 na modalidade. Inicialmente, Egídio Dórea propôs a Chien que criasse um equipamento para a praça de exercícios, o que logo foi descartado devido às dificuldades para executar o projeto. Anos depois, reativou-se a ideia após uma aula inaugural no HU em 2009, na comemoração do Dia Mundial de Prevenção de Quedas.
O médico Egídio Dórea trabalha no HU desde 1993 e há quatro anos se dedica à prevenção de quedas. Em 2008 participou de projeto, desenvolvido em parceria com o Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural (Fussesp) do Estado de São Paulo, que criou a primeira Praça de Exercícios do Idoso focada na prevenção de quedas, no Parque da Água Branca. Lá, existem equipamentos auto-explicativos criados para exercitar coordenação, movimento, equilíbrio e marcha. Segundo ele, já existem 32 praças como esta construídas em São Paulo. E a USP também terá a sua. A previsão é que daqui a seis meses, de acordo com o especialista, o espaço arborizado na frente do pronto socorro do HU, o antigo “fumodrómo”, seja transformado em praça de exercícios.
Atividade
No vídeo, após uma prévia explicação do médico, Chow apresenta o movimento geral do Tai Chi Chuan, narrado pela enfermeira Ana Lúcia Lopes, seguido por cada um dos seis movimentos que compõem o exercício em graus de complexidade. “Com isso, a pessoa pode praticar cada movimento separadamente ou todos juntos, quando quiser”, diz Dórea.
Segundo a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan, a prática consiste em movimentos circulares suaves, associados a exercícios de respiração, concentração e relaxamento. O especialista diz que os exercícios atuam na região sacro-lombar, parte central do equlíbrio do corpo. E atribui ao Tai Chi Chuan benefícios envolvendo equílibrio dinâmico, estático, flexibilidade e força.
De acordo com o médico, um estudo multicêntrico desenvolvido nos Estados Unidos, mostra que a prática de atividades físicas reduz em 11% o risco de quedas. O Tai Chi Chuan, por sua vez, reduziria de 20% a 30%.
As cerca de 1000 cópias do vídeo serão encaminhadas a partir da primeira semana de maio às Unidades Básicas de Saúde (Ubas) do Butantã (Zona Oeste de São Paulo), a pacientes do HU com histórico de quedas e a todos que participarem das aulas de Tai Chi Chuan que o hospital vai oferecer. Voltadas para pessoas acima de 65 anos, as aulas começam na primeira quarta-feira do próximo mês, das 9 horas às 10 horas. Os interessados devem procurar a enfermaria das Ubas ou do ambulatório de clínica médica do HU.
Texto: Camila Camilo
Fonte: USP Online
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