Educando as crianças para o envelhecimento
Novamente a idéia do artigo da semana surgiu a partir de um comentário de uma internauta, transcrito na íntegra abaixo:
“Lembro-me sempre de uma estória (espero que seja com “e” mesmo) que a filha agredia seu pai com um pau e certo dia o mandou embora. O pai saiu com o pedaço de madeira na mão pela estrada e o neto correu até ele e pediu que ele deixasse a madeira para ele, no que ele sem entender atendeu e partiu. A filha curiosa perguntou ao filho para que ele queria aquilo, ao que ele respondeu que era para ele usar quando ela quando estivesse velhinha também.”
Quantas vezes esquecemos de que a educação que damos às crianças, refletirá a educação que elas futuramente darão aos seus próprios filhos. Da mesma forma, a forma como tratamos os idosos, em especial os nossos pais, servirá de espelho para que as crianças aprendam a tratar os idosos futuramente, ou seja, a forma como eles irão nos tratar quando precisarmos do cuidado dos filhos.
Voltando ao nosso já conhecido Estatuto do Idoso, vale ressaltar que o Artigo 22 visa incluir nos parâmetros curriculares da educação formal conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao reconhecimento e ao respeito do idoso, para assim minimizar o preconceito. Sem dúvida isto é extremamente importante.
Lanço a seguinte questão: “A função da escola é educar, formar cidadãos, mas esta também é uma obrigação da família!” A família é o primeiro local onde se dá a socialização da criança, em seguida a escola passa também a cumprir este papel. Porém, muitos pais às vezes se esquecem disto na hora de educar seus filhos.
E como a escola pode atuar neste sentido, se a criança já chega à escola com uma visão distorcida e tendenciosa sobre o processo de envelhecimento e sobre os idosos? Como as crianças, filhos de famílias que agridem seus pais idosos, com a madeira simbólica do preconceito, da humilhação, da zombaria, dos maus tratos e da intolerância crescerão e formarão uma opinião acerca dos idosos?
Nos casos de demência a família não deve esconder das crianças que o vovô ou a vovó está doente. É importante explicar para eles de maneira simples e compreensível que ele está doente, pois muitas crianças costumam ficar com medo, tristeza ou até raiva frente a algum comportamento característico da doença, principalmente quando o idoso tem alguma reação completamente diferente daquelas que ele costumava ter antes do surgimento da doença. Da mesma forma também não é legal afastar a criança do vovô ou da vovó portadora de demência, independente de seu estado de saúde é importante incentivar a criança a manter contato com este membro da família, esclarecendo suas dúvidas, respeitando seus sentimentos em relação ao que está acontecendo e evitando comentários pejorativos e humilhantes, como: “papai está esclerosado” ou “mamãe está se sujando toda hora”.
Preocupar com a educação das crianças é função de todos os pais e uma educação formadora não se restringe à instrução adquirida na escola, é algo muito mais abrangente. A educação para a cidadania é muito importante na formação de futuros cidadãos; por isto, em relação aos idosos, devemos lembrar que a criança observa a forma como tratamos os nossos pais idosos para aprenderem como irão nos tratar depois. Lógico que existem exceções, mas, de uma forma ou de outra, nós mesmos escolhemos a forma como seremos tratados quando estivermos idosos.
Luciene C. Miranda
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