Ouvir, acolher, educar: nosso desafio gerontológico
Cada vez mais, nosso papel profissional irá equiparar-se ao do educador. Se eu tratar de você, é para hoje. Se eu ensinar algo a você, é para toda a vida. Ensinar, informar, orientar: familiares e cuidadores de idosos, que estejam em domicílios ou em instituições de longa permanência para idosos, tornou-se o ponto de partida, do cuidar gerontológico. Aliado a isso, um componente essencial para o sucesso no contexto da área da saúde, consiste em ouvir o idoso, sua família, sua história de vida.
A maneira como acolhemos os idosos, falamos com eles, os tocamos e ouvimos tem muito impacto sobre a saúde, ou até mais que os conhecimentos e habilidades adquiridos durante nosso treinamento profissional.
É preciso que tenhamos um olhar sensível em nossos atendimentos diários, independente da área de atuação. É reconhecer que faço parte de uma equipe multidisciplinar, que sou um profissional multidisciplinar! Para qual, faz-se necessário “viver esfericamente em várias direções.” Direções essas, que me faz querer e estar: Disposto, Determinado, Decidido para o cuidar gerontológico. É ver e ir além, do simples saber e aplicação da técnica.
O que saberemos da vida, enquanto não soubermos o que significa envelhecer? Envelhecer significa: com os anos entrar nos anos, para conhecer o tempo e caminhar com o tempo, estar no tempo e também contra o tempo. Envelhecer significa ir e passar, mudar sem perder a identidade, um pequeno pedaço de experiência projetado sempre de novo sobre um grande pedaço de esperança.
Claudia Soares dos Santos – fisioterapeuta e gerontóloga
claudiasantos.fst@gmail
vidasimplesidoso
Quem de nós não sonha em ficar bem velhinho e cheio de saúde e de histórias para contar aos nossos netos?
Mas para que isso aconteça, de forma agradável, sem os percalços inerentes ao envelhecimento, devemos começar , desde já, a estudar o processo do envelhecimento para que possamos envelhecer melhor e cuidar melhos de nossos idosos. FAÇA UM CURSO PARA CAPACITAÇÃO EM CUIDADOR DE IDOSOS!
sábado, 20 de novembro de 2010
LINDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Paulo, Carta aos Coríntios
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos
e não tivesse o dom de cuidar
seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom da profecia
e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,
e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes,
e não tivesse o dom de cuidar, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
se não tivesse o dom de cuidar,
nada disso me aproveitaria.
O cuidado é paciente, é benigno; o cuidado não é invejoso, não trata com leviandade,
não se ensoberbece, não se porta com indecência,
não busca os seus interesses, não se irrita,
não suspeita mal, não folga com a injustiça,
mas folga com a verdade.
Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Cuidar nunca falha.
Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, desaparecerá;
porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos;
mas quando vier o que é perfeito,
então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino,
sentia como menino, discorria como menino,
mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma,
mas então veremos face a face;
agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé,
a esperança e o cuidar com amor, estes três;
mas o maior destes é cuidar com amor!
Adaptação da Primeira Carta de Paulo ao Coríntios, Cap. 13.
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos
e não tivesse o dom de cuidar
seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom da profecia
e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,
e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes,
e não tivesse o dom de cuidar, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
se não tivesse o dom de cuidar,
nada disso me aproveitaria.
O cuidado é paciente, é benigno; o cuidado não é invejoso, não trata com leviandade,
não se ensoberbece, não se porta com indecência,
não busca os seus interesses, não se irrita,
não suspeita mal, não folga com a injustiça,
mas folga com a verdade.
Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Cuidar nunca falha.
Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, desaparecerá;
porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos;
mas quando vier o que é perfeito,
então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino,
sentia como menino, discorria como menino,
mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma,
mas então veremos face a face;
agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé,
a esperança e o cuidar com amor, estes três;
mas o maior destes é cuidar com amor!
Adaptação da Primeira Carta de Paulo ao Coríntios, Cap. 13.
Enquete
A profissão de cuidador de idosos ainda não foi votada pelo Congresso Nacional. Você acha que o cuidador de idosos deveria ser uma profissão reconhecida por lei federal?
Sim! Pois haveria mais direitos trabalhistas e um salário da classe. (87%, 124 Votos)Não! Deveria ser só uma ocupação, como empregada doméstica. (8%, 11 Votos)Não tenho opinião formada sobre esta questão. (5%, 8 Votos)
A profissão de cuidador de idosos ainda não foi votada pelo Congresso Nacional. Você acha que o cuidador de idosos deveria ser uma profissão reconhecida por lei federal?
Sim! Pois haveria mais direitos trabalhistas e um salário da classe. (87%, 124 Votos)Não! Deveria ser só uma ocupação, como empregada doméstica. (8%, 11 Votos)Não tenho opinião formada sobre esta questão. (5%, 8 Votos)
HISTORIAS DE UM CUIDADOR - CAPÍTULO 2
Dona Cida
Continuação – Leia o capítulo 1
“De volta a nossa casa depois de dois dias no hospital, tentávamos lidar com um mundo que ruíra ao nosso redor.
Por mais que tivéssemos lido algumas cartilhas e soubéssemos algo sobre a forma como a doença de Alzheimer evoluiria em minha mãe, absolutamente nada poderia nos preparar para o que veio: do dia para à noite, minha mãe não andava, não articulava corretamente as frases, não nos reconhecia, tinha visões e nos agredia. Como é que uma pessoa que acorda em um dia dando bom dia e contando do sonho que teve pode simplesmente terminar o dia como uma criança pequena ? Era a pergunta que nos fazíamos continuamente.
Apesar de, na época, estarmos amparados por um serviço de home care fornecido pelo plano de saúde no que dizia respeito a parte da recuperação dela, o tratamento do Alzheimer requeria um conhecimento que faltava nos profissionais que nos atendiam. Assim, recorremos ao geriatra que havia começado a atender minha mãe antes da sua queda no banheiro.
E foi ele quem salvou a nossa pátria: ele nos deu uma verdadeira aula sobre o tratamento de um portador de alzheimer e nossas funções como cuidadores, explicou que o “vislumbre” do estágio intermediário que minha mãe aparentava na época era a forma como o cérebro dela estava tentando se preservar para lidar com o trauma físico – e que ela deveria regredir a próximo do estágio anterior uma vez que o trauma fosse solucionado – nos explicou sobre as convulsões, falou sobre as alucinações e a diferença entre visões e delírios, prescreveu medicamentos para lidar com eles, coordenou o trabalho dos médicos do home care e até mesmo topou realizar uma consulta a domicílio para tentar entender porque minha mãe não voltava a andar, mesmo não sendo diagnosticado problema algum no hospital.
Para encurtar a história, o ocorrido foi o seguinte: os médicos que atenderam minha mãe após a queda não conseguiram enxergar duas fraturas no osso sacro, mesmo após várias radiografias e duas tomografias computadorizadas; eles assumiram que o comportamento completamente incomum da minha mãe fosse o estado natural dela e mandaram-na pra casa alegando que ela não andava por conta de uma provável contratura muscular que seria consequência da queda. Foi necessário que levássemos-na a outro hospital para uma ressonância magnética que sequer chegou a ser realizada pois os médicos diagnosticaram as suas fraturas através das radiografias originais!
De posse de um diagnóstico que, felizmente era menos grave do que poderia ter sido, passamos a nos preocupar com as mudanças que deveríamos fazer em nossa vida.
Depois de todos os filhos terem esgotado as férias e licenças disponíveis para se revezar com os cuidados para com minha mãe e, como era inviável financeiramente que qualquer um de nós deixássemos nossos empregos para passar a cuidar exclusivamente dela, tivemos que contratar uma empregada para ajudar meu pai a cuidar da minha mãe e realizar as tarefas domésticas.
Outro problema imediato era que dona Cida não conseguia se expressar normalmente; assim, passamos lentamente a aprender a interpretar sua expressão corporal para saber o que ela desejava. Aprendemos que quando ela começava a tirar a roupa, significava duas coisas: ou que estava com calor ou que queria ir ao banheiro; aprendemos também que ela ficava mais triste, depressiva quando anoitecia (o que viemos a saber depois que tem nome e sobrenome: efeito crepúsculo).
Descobrimos que a tão falada agressividade, razão de desespero de 10 em cada 10 cuidadores na grande maioria das vezes tinha uma causa justificada: ou era porque ela não conseguia se fazer entender e frutrava-se, ou por que havia razões físicas: dores, fome, sono, sede, calor, frio…
As noites também mostraram-se uma tortura sem igual: ela passava por crises de insônia frequentes, nos obrigando a estabelecer uma escala de vigília noturna. Assim, para cada duas noites de sono, passávamos praticamente uma noite inteira em claro, visto que o sono da minha mãe se consistia em cochilos de 20 minutos intercalados com uma a duas horas de agitação e dor, mesmo debaixo de potentes analgésicos para suas fraturas.
Isso começou a ter seu preço: logo as duas noites de sono não eram suficientes para nos recuperar da noite em claro e em pouco tempo, todos estávamos esgotados, com nossa capacidade de concentração comprometida e vivendo sobre constante estado de irritabilidade. Nossa produtividade no trabalho caiu e vivíamos em constante preocupação com minha mãe.
Além disso sofremos com o sentimento da perda: a dor que sentíamos era a mesma do falecimento de um ente querido. O pior aspecto pelo qual passamos com a doença de Alzheimer foi a mudança completa da personalidade da minha mãe. Era extremamente doloroso olhar para aquela mulher que um dia foi tão forte e tão segura de si e ver uma pessoa frágil, uma mulher que não reconhecíamos.
Com a sua recuperação das fraturas e o retorno da mobilidade, passamos a ter outro problema para nos preocupar: a perambulação e os riscos de outros acidentes domésticos. Como ela retornava lentamente ao estado que considerávamos normal de consciência, durante muitos meses foi como ter uma criança pequena em casa: havia a necessidade de vigília constante, produtos de limpeza e medicamentos precisaram ser escondidos, a ida ao banheiro tinha de ser supervisionada para que ela não saísse sem se limpar ou que ligasse o chuveiro e não tomasse banho. Por várias vezes escapamos de situações mais graves, como quando peguei minha mãe tentando escovar os dentes usando uma faquinha como escova e margarina como pasta de dente.
As noites tornaram-se piores: além de não dormir, ela vagava pelo quarto tentando “arrumá-lo”: arrastava os criados-mudos, abria as gavetas da cômoda e do guarda-roupas, tirava tudo que havia dentro, deitava-se novamente e levantava em seguida, tentava por horas abrir a porta do quarto, que passou a ser trancada.
Conforme a sua memória foi se organizando, vislumbrávamos como é complexa a mente do ser humano. Ela começou a cruzar lembranças antigas com histórias mais recentes e contava suas mesmas histórias com personagens e desfechos diferentes e, certa vez, nos surpreendeu a todos falando italiano, mesmo tendo aprendido apenas algumas palavras desse idioma quando era criança!
E assim, após cerca de seis meses, dona Cida chegou ao estágio mais próximo possível do que estava antes do acidente: tinha uma certa autonomia, mas precisava de supervisão constante. Estava andando bem e conseguia banhar-se, escovar os dentes e fazer suas necessidades apenas com uma pessoa supervisionando. Alimentava-se sozinha, mas não tinha discernimento para realizar tarefas domésticas, apesar de encorajarmos-na a fazer o que fosse possível para que ela se sentisse útil.
Mal sabíamos que isso era só o começo de nossa caminhada.”
Tags: Alzheimer, cuidador, cuidar, cuidar de idosos, familia, idoso.
Rodrigo Freitas
- rodrigo4t@gmail.com
Continuação – Leia o capítulo 1
“De volta a nossa casa depois de dois dias no hospital, tentávamos lidar com um mundo que ruíra ao nosso redor.
Por mais que tivéssemos lido algumas cartilhas e soubéssemos algo sobre a forma como a doença de Alzheimer evoluiria em minha mãe, absolutamente nada poderia nos preparar para o que veio: do dia para à noite, minha mãe não andava, não articulava corretamente as frases, não nos reconhecia, tinha visões e nos agredia. Como é que uma pessoa que acorda em um dia dando bom dia e contando do sonho que teve pode simplesmente terminar o dia como uma criança pequena ? Era a pergunta que nos fazíamos continuamente.
Apesar de, na época, estarmos amparados por um serviço de home care fornecido pelo plano de saúde no que dizia respeito a parte da recuperação dela, o tratamento do Alzheimer requeria um conhecimento que faltava nos profissionais que nos atendiam. Assim, recorremos ao geriatra que havia começado a atender minha mãe antes da sua queda no banheiro.
E foi ele quem salvou a nossa pátria: ele nos deu uma verdadeira aula sobre o tratamento de um portador de alzheimer e nossas funções como cuidadores, explicou que o “vislumbre” do estágio intermediário que minha mãe aparentava na época era a forma como o cérebro dela estava tentando se preservar para lidar com o trauma físico – e que ela deveria regredir a próximo do estágio anterior uma vez que o trauma fosse solucionado – nos explicou sobre as convulsões, falou sobre as alucinações e a diferença entre visões e delírios, prescreveu medicamentos para lidar com eles, coordenou o trabalho dos médicos do home care e até mesmo topou realizar uma consulta a domicílio para tentar entender porque minha mãe não voltava a andar, mesmo não sendo diagnosticado problema algum no hospital.
Para encurtar a história, o ocorrido foi o seguinte: os médicos que atenderam minha mãe após a queda não conseguiram enxergar duas fraturas no osso sacro, mesmo após várias radiografias e duas tomografias computadorizadas; eles assumiram que o comportamento completamente incomum da minha mãe fosse o estado natural dela e mandaram-na pra casa alegando que ela não andava por conta de uma provável contratura muscular que seria consequência da queda. Foi necessário que levássemos-na a outro hospital para uma ressonância magnética que sequer chegou a ser realizada pois os médicos diagnosticaram as suas fraturas através das radiografias originais!
De posse de um diagnóstico que, felizmente era menos grave do que poderia ter sido, passamos a nos preocupar com as mudanças que deveríamos fazer em nossa vida.
Depois de todos os filhos terem esgotado as férias e licenças disponíveis para se revezar com os cuidados para com minha mãe e, como era inviável financeiramente que qualquer um de nós deixássemos nossos empregos para passar a cuidar exclusivamente dela, tivemos que contratar uma empregada para ajudar meu pai a cuidar da minha mãe e realizar as tarefas domésticas.
Outro problema imediato era que dona Cida não conseguia se expressar normalmente; assim, passamos lentamente a aprender a interpretar sua expressão corporal para saber o que ela desejava. Aprendemos que quando ela começava a tirar a roupa, significava duas coisas: ou que estava com calor ou que queria ir ao banheiro; aprendemos também que ela ficava mais triste, depressiva quando anoitecia (o que viemos a saber depois que tem nome e sobrenome: efeito crepúsculo).
Descobrimos que a tão falada agressividade, razão de desespero de 10 em cada 10 cuidadores na grande maioria das vezes tinha uma causa justificada: ou era porque ela não conseguia se fazer entender e frutrava-se, ou por que havia razões físicas: dores, fome, sono, sede, calor, frio…
As noites também mostraram-se uma tortura sem igual: ela passava por crises de insônia frequentes, nos obrigando a estabelecer uma escala de vigília noturna. Assim, para cada duas noites de sono, passávamos praticamente uma noite inteira em claro, visto que o sono da minha mãe se consistia em cochilos de 20 minutos intercalados com uma a duas horas de agitação e dor, mesmo debaixo de potentes analgésicos para suas fraturas.
Isso começou a ter seu preço: logo as duas noites de sono não eram suficientes para nos recuperar da noite em claro e em pouco tempo, todos estávamos esgotados, com nossa capacidade de concentração comprometida e vivendo sobre constante estado de irritabilidade. Nossa produtividade no trabalho caiu e vivíamos em constante preocupação com minha mãe.
Além disso sofremos com o sentimento da perda: a dor que sentíamos era a mesma do falecimento de um ente querido. O pior aspecto pelo qual passamos com a doença de Alzheimer foi a mudança completa da personalidade da minha mãe. Era extremamente doloroso olhar para aquela mulher que um dia foi tão forte e tão segura de si e ver uma pessoa frágil, uma mulher que não reconhecíamos.
Com a sua recuperação das fraturas e o retorno da mobilidade, passamos a ter outro problema para nos preocupar: a perambulação e os riscos de outros acidentes domésticos. Como ela retornava lentamente ao estado que considerávamos normal de consciência, durante muitos meses foi como ter uma criança pequena em casa: havia a necessidade de vigília constante, produtos de limpeza e medicamentos precisaram ser escondidos, a ida ao banheiro tinha de ser supervisionada para que ela não saísse sem se limpar ou que ligasse o chuveiro e não tomasse banho. Por várias vezes escapamos de situações mais graves, como quando peguei minha mãe tentando escovar os dentes usando uma faquinha como escova e margarina como pasta de dente.
As noites tornaram-se piores: além de não dormir, ela vagava pelo quarto tentando “arrumá-lo”: arrastava os criados-mudos, abria as gavetas da cômoda e do guarda-roupas, tirava tudo que havia dentro, deitava-se novamente e levantava em seguida, tentava por horas abrir a porta do quarto, que passou a ser trancada.
Conforme a sua memória foi se organizando, vislumbrávamos como é complexa a mente do ser humano. Ela começou a cruzar lembranças antigas com histórias mais recentes e contava suas mesmas histórias com personagens e desfechos diferentes e, certa vez, nos surpreendeu a todos falando italiano, mesmo tendo aprendido apenas algumas palavras desse idioma quando era criança!
E assim, após cerca de seis meses, dona Cida chegou ao estágio mais próximo possível do que estava antes do acidente: tinha uma certa autonomia, mas precisava de supervisão constante. Estava andando bem e conseguia banhar-se, escovar os dentes e fazer suas necessidades apenas com uma pessoa supervisionando. Alimentava-se sozinha, mas não tinha discernimento para realizar tarefas domésticas, apesar de encorajarmos-na a fazer o que fosse possível para que ela se sentisse útil.
Mal sabíamos que isso era só o começo de nossa caminhada.”
Tags: Alzheimer, cuidador, cuidar, cuidar de idosos, familia, idoso.
Rodrigo Freitas
- rodrigo4t@gmail.com
HISTÓRIAS DE UM CUIDADOR CAPÍTULO 1
Histórias de um cuidador - Cap. 1
Minha vida mudou em 12 de março de 2005.
Oficialmente, esta é a data em que consideramos – eu, minhas irmãs, meu pai e nosso geriatra – como a data em que tivemos a confirmação efetiva de que dona Cida, minha mãe, era uma portadora da doença de alzheimer.
Claro que a dona Cida vinha dando sinais da doença muito antes disso. Lembro-me que, cerca de 3 ou 4 anos antes – a data exata me foge no momento – aconteceu o primeiro episódio que nos deixou realmente assustados, que foi quando ela se recuperava de uma cirurgia no quarto do hospital e, sem estar sob efeito de sedativo algum, disse sorridente para o enfermeiro ao vê-lo entrar para medicá-la:
- Olá! Foi meu marido que abriu o portão de casa para o senhor entrar ?
Deste dia em diante os episódios de confusão e os lapsos de memória tornaram-se mais frequentes. Primeiro, minha mãe começou a ter dificuldades espaço-temporais: não sabia mais identificar em qual dia da semana estava ou apontar qual o dia do mês era, mesmo com o auxílio de um calendário. O fato de que meu pai havia se aposentado e passou a ficar em casa, alterando completamente a rotina de décadas da dona Cida, só fez piorar sua confusão: em um dia, minha mãe era soberana absoluta em casa, no outro havia alguém dando ordens e intrometendo-se em suas tarefas.
Assim, pouco a pouco a doença foi afetando o cotidiano de minha mãe. Ocorreram mudanças súbitas de comportamento: rompeu com suas amigas de caminhada de anos, dizendo que elas só sabiam fofocar e que não queriam saber de andar. Pior, passou a evitá-las, mesmo quando elas vinham procurar minha mãe em casa apenas para jogar conversa fora.
Procuramos o primeiro geriatra; até então, não sabíamos nem pronunciar a palava alzheimer, quanto mais pensar que era isso o que ela tinha. Após a primeira consulta, minha mãe saiu completamente indignada, dizendo que nunca mais pisaria lá. O pobre médico não fez absolutamente nada que justificasse essa antipatia toda. Começaram a aparecer também os primeiros sinais de confusão em locais movimentados: a feira livre de quarta-feira, frequentada pela minha mãe há décadas, teve de ser acompanhada pelo meu pai depois de uma ocasião onde ela perdeu o dinheiro das compras e voltou pra casa de sacola vazia.
Preocupados com a progressão do seu quadro, tentamos uma segunda geriatra, que disse que minha mãe só precisava de umas “vitaminas” para melhorar o raciocínio. Não preciso dizer que nunca houve uma segunda consulta com ela.
Por volta desta época, em meados de 2003, os lapsos de memória começam a se tornar frequentes demais para serem ignorados. Pior, minha mãe tomara consciência deles, ficando deprimida; era extremamente comum encontrá-la chorando pelos cantos, dizendo que estava ficando louca. Triste ironia do destino! Nós passamos a vida toda escutando minha mãe dizer que o que mais temia era ficar gagá.
Sob a recomendação de mais um geriatra e a supervisão da minha irmã mais nova, que trabalha com crianças, colocamos minha mãe para lidar com jogos que estimulassem a memória. A tentativa foi completamente infrutífera pois, além das dificuldades que o Alzheimer já impunha, a total falta de educação formal da minha mãe (que hoje em dia seria considerada analfabeta funcional, visto que só sabia ler e escrever) impedia que ela progredisse nas atividades, além de deixá-la mais deprimida por não conseguir resolver os problemas após horas lidando com quebra-cabeças e jogos de memória.
Logo, outra caracteristica da doença apareceu: com os lapsos de memória roubando suas lembranças mais antigas, algumas histórias do passado que minha mãe frequentemente contava subitamente passaram a receber personagens novos e locações diferentes das originais. As mudanças não pararam por aí: dona Cida também começou a se atrapalhar com a rotina diária. Ela, que sempre foi tão zelosa com a arrumação da casa, começou a utilizar jogos de lençóis que não combinavam nas camas, além de colocar três ou quatro lençóis em uma mesma cama enquanto deixava o colchão nu em outra. Trocava sal por açúcar na cozinha e em um dia esqueceu de fritar as almôndegas, jogando as bolotas de carne crua dentro do molho.
As mudanças dela ocorriam com tanta velocidade que nos deixavam totalmente atordoados. Num dia ela estava perfeitamente bem, no dia seguinte começava a trocar o objetos e utensílios de lugar dentro de casa: achávamos xícaras dentro da geladeira, panelas no guarda-roupa e frequentemente a cozinha cheirava podre por dias, até que encontrássemos alguma comida pronta que ela havia guardado em um armário ao invés do refrigerador. Depois de um dia onde lavou os pratos com óleo ao invés de detergente, começamos a supervisioná-la nas tarefas domésticas. Até mesmo alterações no seu relógio biológico aconteceram: ela passou a ir para cama cada vez mais cedo. Se antes ela normalmente não dormia antes das 22 horas, começou a se recolher às 9, depois às 8, depois às 7 e, em uma ocasião, chegou a ir dormir às 18:00!
Ao que chegamos no fatídico 12 de março de 2005.
Nesta época, encontramos um excelente geriatra para nos ajudar. Estávamos no meio do processo de diagnóstico da doença de Alzheimer, aguardando os resultados os exames de imagem que minha mãe havia feito quando, naquela manhã de sábado, dona Cida convulsionou dentro do banheiro de casa e sofreu sua primeira queda.
Lembrando hoje, não sei como conseguimos chegar sãos ao final daquele dia. Foi simplesmente terrível: ao ouvir minha mãe gritar pouco antes de convulsionar, corri para o banheiro, chamei por ela e não ouvi resposta; arrombei a porta para encontrá-la caida no chão, com a cabeça sangrando e com a respiração alterada. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi que minha mãe havia sofrido um AVC.
Ambulância, hospital, médicos mal preparados para lidar com um portador de Alzheimer fora de si, uma família desesperada. O sábado fatídico teve duas consequências imediatas: a primeira foi que a convulsão nos deu o diagnóstico definitivo da doença. Pesquisando depois, descobrimos que minha mãe havia se equadrado no seleto grupo de 2% dos portadores que sofrem convulsões no estágio inicial da doença.
A segunda – e pior delas – foi que as fraturas ocasionadas pela queda alteraram profundamente o quadro de Alzheimer da dona Cida. A dor pela qual passou e o trauma foram excessivos para que sua mente pudesse lidar de forma adequada e assim ela começou a apresentar características que só veríamos anos depois, ao ingressar no estágio intermediário da doença: dificuldades de fala, de deglutição e falta de controle das funções fisiológicas, entre outras. Minha mãe só voltou a uma condição próxima da que se encontrava antes da queda depois que as fraturas foram devidamente consolidadas.
E assim, praticamente do dia para a noite, ganhamos uma filha nova para cuidar.
(Continua…)
Rodrigo Freitas – Blog Quando pais viram filhos –
Minha vida mudou em 12 de março de 2005.
Oficialmente, esta é a data em que consideramos – eu, minhas irmãs, meu pai e nosso geriatra – como a data em que tivemos a confirmação efetiva de que dona Cida, minha mãe, era uma portadora da doença de alzheimer.
Claro que a dona Cida vinha dando sinais da doença muito antes disso. Lembro-me que, cerca de 3 ou 4 anos antes – a data exata me foge no momento – aconteceu o primeiro episódio que nos deixou realmente assustados, que foi quando ela se recuperava de uma cirurgia no quarto do hospital e, sem estar sob efeito de sedativo algum, disse sorridente para o enfermeiro ao vê-lo entrar para medicá-la:
- Olá! Foi meu marido que abriu o portão de casa para o senhor entrar ?
Deste dia em diante os episódios de confusão e os lapsos de memória tornaram-se mais frequentes. Primeiro, minha mãe começou a ter dificuldades espaço-temporais: não sabia mais identificar em qual dia da semana estava ou apontar qual o dia do mês era, mesmo com o auxílio de um calendário. O fato de que meu pai havia se aposentado e passou a ficar em casa, alterando completamente a rotina de décadas da dona Cida, só fez piorar sua confusão: em um dia, minha mãe era soberana absoluta em casa, no outro havia alguém dando ordens e intrometendo-se em suas tarefas.
Assim, pouco a pouco a doença foi afetando o cotidiano de minha mãe. Ocorreram mudanças súbitas de comportamento: rompeu com suas amigas de caminhada de anos, dizendo que elas só sabiam fofocar e que não queriam saber de andar. Pior, passou a evitá-las, mesmo quando elas vinham procurar minha mãe em casa apenas para jogar conversa fora.
Procuramos o primeiro geriatra; até então, não sabíamos nem pronunciar a palava alzheimer, quanto mais pensar que era isso o que ela tinha. Após a primeira consulta, minha mãe saiu completamente indignada, dizendo que nunca mais pisaria lá. O pobre médico não fez absolutamente nada que justificasse essa antipatia toda. Começaram a aparecer também os primeiros sinais de confusão em locais movimentados: a feira livre de quarta-feira, frequentada pela minha mãe há décadas, teve de ser acompanhada pelo meu pai depois de uma ocasião onde ela perdeu o dinheiro das compras e voltou pra casa de sacola vazia.
Preocupados com a progressão do seu quadro, tentamos uma segunda geriatra, que disse que minha mãe só precisava de umas “vitaminas” para melhorar o raciocínio. Não preciso dizer que nunca houve uma segunda consulta com ela.
Por volta desta época, em meados de 2003, os lapsos de memória começam a se tornar frequentes demais para serem ignorados. Pior, minha mãe tomara consciência deles, ficando deprimida; era extremamente comum encontrá-la chorando pelos cantos, dizendo que estava ficando louca. Triste ironia do destino! Nós passamos a vida toda escutando minha mãe dizer que o que mais temia era ficar gagá.
Sob a recomendação de mais um geriatra e a supervisão da minha irmã mais nova, que trabalha com crianças, colocamos minha mãe para lidar com jogos que estimulassem a memória. A tentativa foi completamente infrutífera pois, além das dificuldades que o Alzheimer já impunha, a total falta de educação formal da minha mãe (que hoje em dia seria considerada analfabeta funcional, visto que só sabia ler e escrever) impedia que ela progredisse nas atividades, além de deixá-la mais deprimida por não conseguir resolver os problemas após horas lidando com quebra-cabeças e jogos de memória.
Logo, outra caracteristica da doença apareceu: com os lapsos de memória roubando suas lembranças mais antigas, algumas histórias do passado que minha mãe frequentemente contava subitamente passaram a receber personagens novos e locações diferentes das originais. As mudanças não pararam por aí: dona Cida também começou a se atrapalhar com a rotina diária. Ela, que sempre foi tão zelosa com a arrumação da casa, começou a utilizar jogos de lençóis que não combinavam nas camas, além de colocar três ou quatro lençóis em uma mesma cama enquanto deixava o colchão nu em outra. Trocava sal por açúcar na cozinha e em um dia esqueceu de fritar as almôndegas, jogando as bolotas de carne crua dentro do molho.
As mudanças dela ocorriam com tanta velocidade que nos deixavam totalmente atordoados. Num dia ela estava perfeitamente bem, no dia seguinte começava a trocar o objetos e utensílios de lugar dentro de casa: achávamos xícaras dentro da geladeira, panelas no guarda-roupa e frequentemente a cozinha cheirava podre por dias, até que encontrássemos alguma comida pronta que ela havia guardado em um armário ao invés do refrigerador. Depois de um dia onde lavou os pratos com óleo ao invés de detergente, começamos a supervisioná-la nas tarefas domésticas. Até mesmo alterações no seu relógio biológico aconteceram: ela passou a ir para cama cada vez mais cedo. Se antes ela normalmente não dormia antes das 22 horas, começou a se recolher às 9, depois às 8, depois às 7 e, em uma ocasião, chegou a ir dormir às 18:00!
Ao que chegamos no fatídico 12 de março de 2005.
Nesta época, encontramos um excelente geriatra para nos ajudar. Estávamos no meio do processo de diagnóstico da doença de Alzheimer, aguardando os resultados os exames de imagem que minha mãe havia feito quando, naquela manhã de sábado, dona Cida convulsionou dentro do banheiro de casa e sofreu sua primeira queda.
Lembrando hoje, não sei como conseguimos chegar sãos ao final daquele dia. Foi simplesmente terrível: ao ouvir minha mãe gritar pouco antes de convulsionar, corri para o banheiro, chamei por ela e não ouvi resposta; arrombei a porta para encontrá-la caida no chão, com a cabeça sangrando e com a respiração alterada. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi que minha mãe havia sofrido um AVC.
Ambulância, hospital, médicos mal preparados para lidar com um portador de Alzheimer fora de si, uma família desesperada. O sábado fatídico teve duas consequências imediatas: a primeira foi que a convulsão nos deu o diagnóstico definitivo da doença. Pesquisando depois, descobrimos que minha mãe havia se equadrado no seleto grupo de 2% dos portadores que sofrem convulsões no estágio inicial da doença.
A segunda – e pior delas – foi que as fraturas ocasionadas pela queda alteraram profundamente o quadro de Alzheimer da dona Cida. A dor pela qual passou e o trauma foram excessivos para que sua mente pudesse lidar de forma adequada e assim ela começou a apresentar características que só veríamos anos depois, ao ingressar no estágio intermediário da doença: dificuldades de fala, de deglutição e falta de controle das funções fisiológicas, entre outras. Minha mãe só voltou a uma condição próxima da que se encontrava antes da queda depois que as fraturas foram devidamente consolidadas.
E assim, praticamente do dia para a noite, ganhamos uma filha nova para cuidar.
(Continua…)
Rodrigo Freitas – Blog Quando pais viram filhos –
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Tenho pensado muito e ao contrário do que muitos julgam nos últimos tempos, tenho vivido mais intensamente! Emoções, afetos, relacionamentos fraternos, amorosos, adquiriram novos aspectos e sob uma perspectiva mais abrangente, a vida ganhou um novo significado.
Meu olhar cinqüentenário encontra o olhar da criança que fui e me vê crescendo, adolescendo, amadurecendo, envelhecendo… meu pai, minha mãe… a vida seguindo seu curso… meus amores, meus medos, minhas alegrias e dores.
Olho para minha mãe e sinto a alegria de vê-la ainda viçosa no humor, na relativa autonomia que ainda possui caminhando conosco e mantendo conservada a força de sua auto-estima. Entretanto, a comunicação verbal é cada vez mais vaga e imprecisa…
Percebo com clareza que o portador do Alzheimer é um guerreiro solitário travando uma luta constante e inglória contra o vazio do esquecimento… No mundo das palavras, seu campo de ação torna-se cada vez mais estreito e limitado para que possa dar vazão ao império dos sentidos. Já no universo do sentir a vida pulsa estrondosa e vibrante, sem subterfúgios nem fronteiras!
Assim, quando o repertório das palavras se evapora, voltamos a descobrir a forma única com a qual todo o universo se comunica: as linguagens do corpo, da alma, do coração! Aliás, pensando bem, não foi assim que nascemos vazios de qualquer palavra, analfabetos de qualquer idioma?! E mais: também não conhecíamos as pessoas que nos abordavam nem tínhamos idéia de nomes, lugares ou qualquer referência de tempo, de espaço… no entanto, o universo dos sentidos sempre funcionou com muita intensidade, não é mesmo?
Dessa forma, diante dos silêncios, das palavras desconexas, dos pequenos gestos, das posturas corporais, dos mínimos detalhes das expressões faciais ou do foco do olhar, vou conseguindo encontrar pistas indispensáveis para detectar se minha mãe está confortável ou padecendo de algum mal-estar.
Nesse reaprendizado da linguagem universal, com a qual todos nós nascemos, a intuição aflora e somos envolvidos por uma capacidade de percepção muito além do alcance da nossa visão comum. Há uma expansão do campo da sensibilidade, que nos permite redescobrir a importância do toque carinhoso, do abraço aconchegante, do beijo espontâneo, do olhar cheio de ternura, da delicadeza dos gestos.
Com paciência, espero o tempo que for necessário para que minha mãe possa assimilar as mensagens e, por si mesma, execute as ações ou me forneça as informações de que preciso para melhor ajudá-la em momentos difíceis de crise ou de mal-estar como na situação que relato a seguir:
Certa noite, após deitar-se, continuou de olhos abertos. Como sempre, deito junto dela e espero que adormeça. As horas foram avançando e resolvi perguntar se estava sentindo alguma coisa. Olhou-me dizendo o quê? e soltou um gemido. Perguntei se estava sem sono. Respondeu-me: não entendo. Não sei… Respeitando-lhe o silêncio, fiquei quieta, abraçada com ela e lhe acariciando os cabelos…
Alguns momentos depois soltou mais uns gemidos e me disse: Vou lhe perguntar uma coisa… (pausa) Vixe, eu não sei… (pausa) Quero que você me (palavra ininteligível)… Pausa e mais gemidos, desta vez, passando a mão na barriga. Perguntei então se a barriga estava doendo. Ela apenas me olhou com expressão de dor. Pus a minha mão na barriga dela e insisti: Dói?.. Dói aqui? … É dor: ai! ai! ai! aqui? Ela disse: quê? (pausa) Não entendo… Não sei… e continuou a gemer, olhando-me com ar de quem não sabe o que dizer.
Esse jogo de perguntas, silêncios, respostas vagas e alguns gemidos continuou, sem que eu pudesse me situar sobre o que estava acontecendo ou que providência deveria tomar. Quando lhe disse que iria sair para procurar um remédio, ela reagiu: Não! Não saia agora não!… Quero lhe perguntar… (pausa). Esperei um pouco e disse: O que quer saber? Entre pausas, silêncios, ela disparou a falar: Não sei… Não entendo… Ô meu Deus!… Fico pensando… Quero me lembrar… Não sei… Tenho medo… Às vezes acho que… tô maluca… que Deus me livre! (pausa longa) Não sei se casei se não casei… Ah meu Deus!…
Sentindo-lhe a angústia na agitação do corpo dela contra o meu, abracei-a forte, fui ouvindo, respondendo às perguntas e buscando acalmá-la : Eu estou aqui com você! (ela ficou me olhando)… Você não está sozinha! (continuou me olhando)… Você não está maluca! Depois ficamos em silêncio… Enquanto a beijava e acarinhava, ela se aconchegou no meu abraço, gemeu um pouco e, após um tempo, adormeceu…
Um abraço a todos e lembrem-se: assim como o essencial é invisível aos olhos (Antoine de Saint-Exupéry) somente o coração expressa e traduz a linguagem da alma
Tenho pensado muito e ao contrário do que muitos julgam nos últimos tempos, tenho vivido mais intensamente! Emoções, afetos, relacionamentos fraternos, amorosos, adquiriram novos aspectos e sob uma perspectiva mais abrangente, a vida ganhou um novo significado.
Meu olhar cinqüentenário encontra o olhar da criança que fui e me vê crescendo, adolescendo, amadurecendo, envelhecendo… meu pai, minha mãe… a vida seguindo seu curso… meus amores, meus medos, minhas alegrias e dores.
Olho para minha mãe e sinto a alegria de vê-la ainda viçosa no humor, na relativa autonomia que ainda possui caminhando conosco e mantendo conservada a força de sua auto-estima. Entretanto, a comunicação verbal é cada vez mais vaga e imprecisa…
Percebo com clareza que o portador do Alzheimer é um guerreiro solitário travando uma luta constante e inglória contra o vazio do esquecimento… No mundo das palavras, seu campo de ação torna-se cada vez mais estreito e limitado para que possa dar vazão ao império dos sentidos. Já no universo do sentir a vida pulsa estrondosa e vibrante, sem subterfúgios nem fronteiras!
Assim, quando o repertório das palavras se evapora, voltamos a descobrir a forma única com a qual todo o universo se comunica: as linguagens do corpo, da alma, do coração! Aliás, pensando bem, não foi assim que nascemos vazios de qualquer palavra, analfabetos de qualquer idioma?! E mais: também não conhecíamos as pessoas que nos abordavam nem tínhamos idéia de nomes, lugares ou qualquer referência de tempo, de espaço… no entanto, o universo dos sentidos sempre funcionou com muita intensidade, não é mesmo?
Dessa forma, diante dos silêncios, das palavras desconexas, dos pequenos gestos, das posturas corporais, dos mínimos detalhes das expressões faciais ou do foco do olhar, vou conseguindo encontrar pistas indispensáveis para detectar se minha mãe está confortável ou padecendo de algum mal-estar.
Nesse reaprendizado da linguagem universal, com a qual todos nós nascemos, a intuição aflora e somos envolvidos por uma capacidade de percepção muito além do alcance da nossa visão comum. Há uma expansão do campo da sensibilidade, que nos permite redescobrir a importância do toque carinhoso, do abraço aconchegante, do beijo espontâneo, do olhar cheio de ternura, da delicadeza dos gestos.
Com paciência, espero o tempo que for necessário para que minha mãe possa assimilar as mensagens e, por si mesma, execute as ações ou me forneça as informações de que preciso para melhor ajudá-la em momentos difíceis de crise ou de mal-estar como na situação que relato a seguir:
Certa noite, após deitar-se, continuou de olhos abertos. Como sempre, deito junto dela e espero que adormeça. As horas foram avançando e resolvi perguntar se estava sentindo alguma coisa. Olhou-me dizendo o quê? e soltou um gemido. Perguntei se estava sem sono. Respondeu-me: não entendo. Não sei… Respeitando-lhe o silêncio, fiquei quieta, abraçada com ela e lhe acariciando os cabelos…
Alguns momentos depois soltou mais uns gemidos e me disse: Vou lhe perguntar uma coisa… (pausa) Vixe, eu não sei… (pausa) Quero que você me (palavra ininteligível)… Pausa e mais gemidos, desta vez, passando a mão na barriga. Perguntei então se a barriga estava doendo. Ela apenas me olhou com expressão de dor. Pus a minha mão na barriga dela e insisti: Dói?.. Dói aqui? … É dor: ai! ai! ai! aqui? Ela disse: quê? (pausa) Não entendo… Não sei… e continuou a gemer, olhando-me com ar de quem não sabe o que dizer.
Esse jogo de perguntas, silêncios, respostas vagas e alguns gemidos continuou, sem que eu pudesse me situar sobre o que estava acontecendo ou que providência deveria tomar. Quando lhe disse que iria sair para procurar um remédio, ela reagiu: Não! Não saia agora não!… Quero lhe perguntar… (pausa). Esperei um pouco e disse: O que quer saber? Entre pausas, silêncios, ela disparou a falar: Não sei… Não entendo… Ô meu Deus!… Fico pensando… Quero me lembrar… Não sei… Tenho medo… Às vezes acho que… tô maluca… que Deus me livre! (pausa longa) Não sei se casei se não casei… Ah meu Deus!…
Sentindo-lhe a angústia na agitação do corpo dela contra o meu, abracei-a forte, fui ouvindo, respondendo às perguntas e buscando acalmá-la : Eu estou aqui com você! (ela ficou me olhando)… Você não está sozinha! (continuou me olhando)… Você não está maluca! Depois ficamos em silêncio… Enquanto a beijava e acarinhava, ela se aconchegou no meu abraço, gemeu um pouco e, após um tempo, adormeceu…
Um abraço a todos e lembrem-se: assim como o essencial é invisível aos olhos (Antoine de Saint-Exupéry) somente o coração expressa e traduz a linguagem da alma
Como havia sugerido anteriormente, estava aguardando sugestões de temas para discutirmos nas próximas semanas, por isto hoje irei escrever tomando como base o comentário da internauta Heloísa. Em linhas gerais, ela pediu para que fosse falado sobre as mudanças de atitudes dos idosos que podem comprometer a dinâmica familiar e também sobre as implicações emocionais que a hospitalização pode acarretar no idoso.
Em primeiro lugar vale a pena ressaltar que nem todos os idosos necessariamente manifestarão mudanças de atitudes e comportamentos durante o processo de envelhecimento, assim como também podemos afirmar que nem todos os adolescentes passam por períodos de crise durante a adolescência (fato que garantiu às pessoas desta faixa etária a denominação pejorativa de “aborrecência”). A sociedade acaba rotulando as pessoas a partir de crenças infundadas, por isto muitos taxam os idosos como rabugentos, chatos e caducos, o que é muito ruim.
Alguns idosos (não todos, mas principalmente os acometidos por demências, como a de Alzheimer) apresentam algumas mudanças de comportamento que realmente podem trazer prejuízos para a dinâmica familiar: podem se mostrar muito agitados, como se nunca se cansassem; com insônia, costumam andar e falar pela casa à noite, interferindo no sono das pessoas que também vivem na mesma casa. Outros se mostram deprimidos, não conversam, não querem se alimentar, tomar banho ou mesmo trocar de roupa. Alguns deles podem, mesmo que momentaneamente, esquecer seu pudor e tirar roupas em público. É fato que alguns idosos podem se tornar impulsivos, se irritar com facilidade (mesmo frente a situações às quais ele costumava agir em seu dia-a-dia), discutem com freqüência, mesmo que sem motivos aparentes, sendo que alguns chegam a agredir fisicamente seus familiares e cuidadores. Esquecimentos em maior ou menor intensidade também são notados, assim como desorientação frente a datas e lugares.
Estes foram apenas alguns exemplos de situações que podem causar desconforto, mal-estar, medo, raiva, indignação e sensação de estar sendo incompreendido por parte dos familiares. O idoso também pode sentir reações emocionais frente a estas alterações de humor e comportamento, principalmente aqueles que apresentam momentos de total lucidez: se relatarem a eles alguns dos fatos acontecidos eles realmente não acreditam que fizeram tal fato, sentem vergonha, medo de enlouquecer, de perder a memória, sentem-se humilhados.
Como algumas dessas alterações não são possíveis de serem “curadas”, cabe aos familiares e cuidadores, na medida do possível, lidar com naturalidade e compreensão, lembrando-se sempre de que eventos como agressividade, hostilidade e falta de pudor não são intencionais, mas sim sintomas de um mal que acomete grande parte de idosos sem que muitos tomem conhecimento. Em caso de discussões infundadas, que podem levar a ofensas graves, o melhor é tentar não “bater de frente”, lembrando-se sempre que daqui a pouco tempo o idoso pode nem se lembrar do que aconteceu, e lembra-lo do ocorrido pode acarretar mais sofrimento para ele. Em situações nas quais o idoso se despe em locais públicos cabe ao cuidador recompô-lo o mais depressa possível, evitando uma maior exposição do mesmo. Em casos onde aconteça alguma situação pública como de agressão, hostilidade ou nudez, caso o familiar se sinta mais à vontade, ele pode, em particular, informar às pessoas que presenciaram o fato de que aquilo é sintoma de uma doença, não uma demonstração de violência consciente ou um atentado contra o pudor.
Como acabei me estendendo um pouco mais que o esperado neste post, deixo para falar sobre a institucionalização na próxima semana, pois é um tema que merece ser bem discutido.
Agradeço a atenção, até semana que vem. Espero ter podido contribuir um pouco com a leitora que sugeriu o tema e com os demais internautas.
Boa semana, um abraço!
Luciene Miranda
Em primeiro lugar vale a pena ressaltar que nem todos os idosos necessariamente manifestarão mudanças de atitudes e comportamentos durante o processo de envelhecimento, assim como também podemos afirmar que nem todos os adolescentes passam por períodos de crise durante a adolescência (fato que garantiu às pessoas desta faixa etária a denominação pejorativa de “aborrecência”). A sociedade acaba rotulando as pessoas a partir de crenças infundadas, por isto muitos taxam os idosos como rabugentos, chatos e caducos, o que é muito ruim.
Alguns idosos (não todos, mas principalmente os acometidos por demências, como a de Alzheimer) apresentam algumas mudanças de comportamento que realmente podem trazer prejuízos para a dinâmica familiar: podem se mostrar muito agitados, como se nunca se cansassem; com insônia, costumam andar e falar pela casa à noite, interferindo no sono das pessoas que também vivem na mesma casa. Outros se mostram deprimidos, não conversam, não querem se alimentar, tomar banho ou mesmo trocar de roupa. Alguns deles podem, mesmo que momentaneamente, esquecer seu pudor e tirar roupas em público. É fato que alguns idosos podem se tornar impulsivos, se irritar com facilidade (mesmo frente a situações às quais ele costumava agir em seu dia-a-dia), discutem com freqüência, mesmo que sem motivos aparentes, sendo que alguns chegam a agredir fisicamente seus familiares e cuidadores. Esquecimentos em maior ou menor intensidade também são notados, assim como desorientação frente a datas e lugares.
Estes foram apenas alguns exemplos de situações que podem causar desconforto, mal-estar, medo, raiva, indignação e sensação de estar sendo incompreendido por parte dos familiares. O idoso também pode sentir reações emocionais frente a estas alterações de humor e comportamento, principalmente aqueles que apresentam momentos de total lucidez: se relatarem a eles alguns dos fatos acontecidos eles realmente não acreditam que fizeram tal fato, sentem vergonha, medo de enlouquecer, de perder a memória, sentem-se humilhados.
Como algumas dessas alterações não são possíveis de serem “curadas”, cabe aos familiares e cuidadores, na medida do possível, lidar com naturalidade e compreensão, lembrando-se sempre de que eventos como agressividade, hostilidade e falta de pudor não são intencionais, mas sim sintomas de um mal que acomete grande parte de idosos sem que muitos tomem conhecimento. Em caso de discussões infundadas, que podem levar a ofensas graves, o melhor é tentar não “bater de frente”, lembrando-se sempre que daqui a pouco tempo o idoso pode nem se lembrar do que aconteceu, e lembra-lo do ocorrido pode acarretar mais sofrimento para ele. Em situações nas quais o idoso se despe em locais públicos cabe ao cuidador recompô-lo o mais depressa possível, evitando uma maior exposição do mesmo. Em casos onde aconteça alguma situação pública como de agressão, hostilidade ou nudez, caso o familiar se sinta mais à vontade, ele pode, em particular, informar às pessoas que presenciaram o fato de que aquilo é sintoma de uma doença, não uma demonstração de violência consciente ou um atentado contra o pudor.
Como acabei me estendendo um pouco mais que o esperado neste post, deixo para falar sobre a institucionalização na próxima semana, pois é um tema que merece ser bem discutido.
Agradeço a atenção, até semana que vem. Espero ter podido contribuir um pouco com a leitora que sugeriu o tema e com os demais internautas.
Boa semana, um abraço!
Luciene Miranda
IDOSOS QUE NÃO QUEREM CUIDAR DA SAÚDE
Idosos que não querem cuidar da saúde
Tenho escutado o relato de filhos que se queixam que seus pais não querem cuidar da própria saúde. Mesmo com problemas de saúde, eles insistem em não adotar estilos de vida saudáveis, não fazem dieta, consomem álcool em excesso, fumam, não querem ir ao médico e nem fazem uso da medicação prescrita. Alguns usam justificativas do tipo: “Fazer isto pra que se um dia vou morrer de qualquer jeito?” ou “Só Deus sabe qual é a minha hora, independente do que eu fizer” ou ainda “Prefiro morrer logo a viver muitos anos sem poder fazer as coisas que gosto”.
Os filhos ficam impotentes frente a estas situações. Um idoso lúcido, independente e autônomo tem o controle de sua própria vida e condições de tomar decisões sobre o que fazer. Alguns frisam isto com veemência, afirmando para os filhos: “O(a) pai(mãe) aqui sou eu, portanto filho não pode mandar em mim!”. É uma situação um tanto delicada, pois, se analisarmos a situação com cuidado, ambos têm sua parcela de razão: os pais, por afirmarem que têm o poder de decidir acerca de sua própria vida e que os filhos têm que respeitá-los; os filhos, por se preocuparem com o estado de saúde dos pais e insistirem que os mesmos adotem um estilo de vida mais saudável. Como resolver este impasse? Como sempre, com diálogo e respeito de ambas as partes.
Os filhos realmente devem tentar ajudar os pais, mas existe um limite: até onde o idoso permite ser ajudado. Em relação à atividade física, uma boa saída seria o filho convencer o idoso a praticar uma atividade física com ele (uma caminhada, pro exemplo). Acompanhados a atividade pode ser mais prazerosa para ambos. Orientá-lo sobre hábitos prejudiciais (como, por exemplo, uso e álcool e tabaco) pode ser importante, mas de nada irá adiantar se o idoso não tiver vontade de abolir estas práticas de seu cotidiano. É importante que o filho mostre ao idoso o quanto é importante para ele ir ao médico (tanto para prevenir doenças quanto para fazer um controle daquelas que já se instalaram), além de acompanhá-lo às consultas e pedir informações ao médico. Porém, por outro lado, tentar obrigar o idoso a adotar hábitos saudáveis pode não produzir resultados satisfatórios. Sentindo-se compelido, por exemplo, a ir ao médico ou fazer dieta, o idoso pode desenvolver uma aversão e recusar-se com mais veemência a fazer as duas coisas.
Seguem algumas dicas para os filhos de pais nessas condições e para os idosos que se recusam a aderir a algum tratamento.
Filhos:
Neste sentido, procurem fazer o que realmente pode ser feito em prol do idoso, porém respeitando suas decisões. Imposições podem ser interpretadas pelo genitor idoso como falta de respeito e ser motivo para desavenças. Caso ele demande, marque consulta, exames e o acompanhe nestes eventos, porém sem forçar situações. A culpa não é sua se o idoso optar não aderir a um tratamento essencial à sua qualidade de vida, portanto, não cultive um sentimento de culpa que pode ser muito prejudicial para você! Crenças negativas do idoso podem não ser apenas teimosia ou pessimismo frente à vida, mas sim refletir um quadro de depressão ou uma insatisfação frente às perdas associadas ao envelhecimento e iminência de morte (que pode aumentar à medida que a idade avança e alguns sintomas de doença começam a aparecer).
Idosos:
Nunca é tarde para investir em sua própria saúde! Mesmo que pareça que não lhe resta muito tempo de vida, que é difícil mudar hábitos antigos ou que os tratamentos são muito custosos, vale a pena investir em sua saúde e quem sabe assim aumentar seus anos de vida ou vivê-los com mais qualidade. Procure compreender a atitude de seu filho não como uma intromissão, mas como um sinal de que alguém gosta de você e se preocupa com seu bem-estar. Caso esteja difícil largar o álcool e o cigarro, procure ajuda profissional ou de grupos como os Alcoólicos Anônimos. Caso você não quer procurar um médico com medo de um possível diagnóstico de algo mais grave, vença seu medo, pensando que, independente do que seja, pode ser mais fácil se for descoberto precocemente e tratado desde o início. Tenha uma relação satisfatória com seu médico e não hesite em tirar suas dúvidas, mesmo as que pareçam mais irrelevantes (do tipo: “Posso tomar minha cervejinha enquanto estiver fazendo uso da medicação?”). Ir ao médico e tomar remédios não necessariamente é sinal de doença ou motivo de vergonha, pode ser indício de prevenção e de cuidado com sua saúde.
Tags: cuidar, depressão, Dicas, envelhecimento, filhos, pais, prevenção, Psicologia.
Luciene C. Miranda
Psicóloga - lucienecm@yahoo.com.br
Tenho escutado o relato de filhos que se queixam que seus pais não querem cuidar da própria saúde. Mesmo com problemas de saúde, eles insistem em não adotar estilos de vida saudáveis, não fazem dieta, consomem álcool em excesso, fumam, não querem ir ao médico e nem fazem uso da medicação prescrita. Alguns usam justificativas do tipo: “Fazer isto pra que se um dia vou morrer de qualquer jeito?” ou “Só Deus sabe qual é a minha hora, independente do que eu fizer” ou ainda “Prefiro morrer logo a viver muitos anos sem poder fazer as coisas que gosto”.
Os filhos ficam impotentes frente a estas situações. Um idoso lúcido, independente e autônomo tem o controle de sua própria vida e condições de tomar decisões sobre o que fazer. Alguns frisam isto com veemência, afirmando para os filhos: “O(a) pai(mãe) aqui sou eu, portanto filho não pode mandar em mim!”. É uma situação um tanto delicada, pois, se analisarmos a situação com cuidado, ambos têm sua parcela de razão: os pais, por afirmarem que têm o poder de decidir acerca de sua própria vida e que os filhos têm que respeitá-los; os filhos, por se preocuparem com o estado de saúde dos pais e insistirem que os mesmos adotem um estilo de vida mais saudável. Como resolver este impasse? Como sempre, com diálogo e respeito de ambas as partes.
Os filhos realmente devem tentar ajudar os pais, mas existe um limite: até onde o idoso permite ser ajudado. Em relação à atividade física, uma boa saída seria o filho convencer o idoso a praticar uma atividade física com ele (uma caminhada, pro exemplo). Acompanhados a atividade pode ser mais prazerosa para ambos. Orientá-lo sobre hábitos prejudiciais (como, por exemplo, uso e álcool e tabaco) pode ser importante, mas de nada irá adiantar se o idoso não tiver vontade de abolir estas práticas de seu cotidiano. É importante que o filho mostre ao idoso o quanto é importante para ele ir ao médico (tanto para prevenir doenças quanto para fazer um controle daquelas que já se instalaram), além de acompanhá-lo às consultas e pedir informações ao médico. Porém, por outro lado, tentar obrigar o idoso a adotar hábitos saudáveis pode não produzir resultados satisfatórios. Sentindo-se compelido, por exemplo, a ir ao médico ou fazer dieta, o idoso pode desenvolver uma aversão e recusar-se com mais veemência a fazer as duas coisas.
Seguem algumas dicas para os filhos de pais nessas condições e para os idosos que se recusam a aderir a algum tratamento.
Filhos:
Neste sentido, procurem fazer o que realmente pode ser feito em prol do idoso, porém respeitando suas decisões. Imposições podem ser interpretadas pelo genitor idoso como falta de respeito e ser motivo para desavenças. Caso ele demande, marque consulta, exames e o acompanhe nestes eventos, porém sem forçar situações. A culpa não é sua se o idoso optar não aderir a um tratamento essencial à sua qualidade de vida, portanto, não cultive um sentimento de culpa que pode ser muito prejudicial para você! Crenças negativas do idoso podem não ser apenas teimosia ou pessimismo frente à vida, mas sim refletir um quadro de depressão ou uma insatisfação frente às perdas associadas ao envelhecimento e iminência de morte (que pode aumentar à medida que a idade avança e alguns sintomas de doença começam a aparecer).
Idosos:
Nunca é tarde para investir em sua própria saúde! Mesmo que pareça que não lhe resta muito tempo de vida, que é difícil mudar hábitos antigos ou que os tratamentos são muito custosos, vale a pena investir em sua saúde e quem sabe assim aumentar seus anos de vida ou vivê-los com mais qualidade. Procure compreender a atitude de seu filho não como uma intromissão, mas como um sinal de que alguém gosta de você e se preocupa com seu bem-estar. Caso esteja difícil largar o álcool e o cigarro, procure ajuda profissional ou de grupos como os Alcoólicos Anônimos. Caso você não quer procurar um médico com medo de um possível diagnóstico de algo mais grave, vença seu medo, pensando que, independente do que seja, pode ser mais fácil se for descoberto precocemente e tratado desde o início. Tenha uma relação satisfatória com seu médico e não hesite em tirar suas dúvidas, mesmo as que pareçam mais irrelevantes (do tipo: “Posso tomar minha cervejinha enquanto estiver fazendo uso da medicação?”). Ir ao médico e tomar remédios não necessariamente é sinal de doença ou motivo de vergonha, pode ser indício de prevenção e de cuidado com sua saúde.
Tags: cuidar, depressão, Dicas, envelhecimento, filhos, pais, prevenção, Psicologia.
Luciene C. Miranda
Psicóloga - lucienecm@yahoo.com.br
IDOSOS NO BRASIL.
Os idosos no Brasil
Os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000. O instituto considera idosas as pessoas com 60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década, o número de idosos no Brasil cresceu 17%, em 1991, ele correspondia a 7,3% da população.
O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de vida, devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade. Prova disso é a participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população - em 1991, eles eram 2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%).
A população brasileira vive, hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total), e a esperança de vida, a 70,3 anos.
O quadro é um retrato do que acontece com os países como o Brasil, que está envelhecendo ainda na fase do desenvolvimento. Já os países desenvolvidos tiveram um período maior, cerca de cem anos, para se adaptar. A geriatra Andrea Prates, do Centro Internacional para o Envelhecimento Saudável, prevê que, nas próximas décadas, três quartos da população idosa do mundo esteja nos países em desenvolvimento.
A importância dos idosos para o País não se resume à sua crescente participação no total da população. Boa parte dos idosos hoje são chefes de família e nessas famílias a renda média é superior àquelas chefiadas por adultos não-idosos. Segundo o Censo 2000, 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são chefes de família, somando 8,9 milhões de pessoas. Além disso, 54,5% dos idosos chefes de família vivem com os seus filhos e os sustentam.
Os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000. O instituto considera idosas as pessoas com 60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década, o número de idosos no Brasil cresceu 17%, em 1991, ele correspondia a 7,3% da população.
O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de vida, devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade. Prova disso é a participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população - em 1991, eles eram 2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%).
A população brasileira vive, hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total), e a esperança de vida, a 70,3 anos.
O quadro é um retrato do que acontece com os países como o Brasil, que está envelhecendo ainda na fase do desenvolvimento. Já os países desenvolvidos tiveram um período maior, cerca de cem anos, para se adaptar. A geriatra Andrea Prates, do Centro Internacional para o Envelhecimento Saudável, prevê que, nas próximas décadas, três quartos da população idosa do mundo esteja nos países em desenvolvimento.
A importância dos idosos para o País não se resume à sua crescente participação no total da população. Boa parte dos idosos hoje são chefes de família e nessas famílias a renda média é superior àquelas chefiadas por adultos não-idosos. Segundo o Censo 2000, 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são chefes de família, somando 8,9 milhões de pessoas. Além disso, 54,5% dos idosos chefes de família vivem com os seus filhos e os sustentam.
TRAGÉDIA DOS IDOSOS NO BRASIL!!!
Nelson Valente: Tragédia dos idosos no Brasil!
Nelson Valente*
Até onde se pode acreditar nas estatísticas oficiais, o Brasil caminha para uma aceleração do envelhecimento. Temos hoje cerca de 13 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade e há uma projeção, naturalmente sujeita a muitos e incontroláveis fatores, estimando essa população para 35 milhões de pessoas em 2025.
Segundo, o médico geriatra Norton Sayeg : - "Hoje, o número de idosos corresponde a 7,3% da população. No ano de 2025, representará 15%. As principais causas do envelhecimento do brasileiro são as reduções do coeficiente de mortalidade infantil, da taxa de fecundidade e da mortalidade causada por doenças infecciosas e parasitárias. Embora se saiba que os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina já apresentam uma expectativa de vida de 70 anos, no Brasil, com tantos desequilíbrios, a situação é mesma trágica, em termos de envelhecimento".
A Paraíba, por exemplo, tem menos de 50 anos de expectativa de vida. As causas são as mais diversas, envolvendo fatores econômicos e sociais, mas de uma verificação concreta não se escapa: os idosos não recebem uma orientação adequada, em muitos casos por absoluto despreparo dos nossos médicos, além de existir uma política de saúde que chega a ser inacreditável.
A geriatria é uma especialidade de poucos, quando no mundo desenvolvido, com extensão das perspectivas de vida, ganhou enorme expressão. Como sempre, trata-se o idoso brasileiro com o nosso clássico jeitinho, o que não chega a ser exatamente uma forma de respeitá-lo.
Quantas vezes uma simples dor de cabeça representa apenas o sintoma de algo muito mais sério ? Nossas faculdades de medicina, tão criticadas (salvo as honrosas exceções), precisam acordar para esse fato social e dar a prioridade devida aos estudos ligados à gerontologia.
Antes que seja tarde. Logo, nem toda unanimidade é burra, mas inteligente e preventiva.
(*) é professor universitário, jornalista e escritor
Nelson Valente*
Até onde se pode acreditar nas estatísticas oficiais, o Brasil caminha para uma aceleração do envelhecimento. Temos hoje cerca de 13 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade e há uma projeção, naturalmente sujeita a muitos e incontroláveis fatores, estimando essa população para 35 milhões de pessoas em 2025.
Segundo, o médico geriatra Norton Sayeg : - "Hoje, o número de idosos corresponde a 7,3% da população. No ano de 2025, representará 15%. As principais causas do envelhecimento do brasileiro são as reduções do coeficiente de mortalidade infantil, da taxa de fecundidade e da mortalidade causada por doenças infecciosas e parasitárias. Embora se saiba que os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina já apresentam uma expectativa de vida de 70 anos, no Brasil, com tantos desequilíbrios, a situação é mesma trágica, em termos de envelhecimento".
A Paraíba, por exemplo, tem menos de 50 anos de expectativa de vida. As causas são as mais diversas, envolvendo fatores econômicos e sociais, mas de uma verificação concreta não se escapa: os idosos não recebem uma orientação adequada, em muitos casos por absoluto despreparo dos nossos médicos, além de existir uma política de saúde que chega a ser inacreditável.
A geriatria é uma especialidade de poucos, quando no mundo desenvolvido, com extensão das perspectivas de vida, ganhou enorme expressão. Como sempre, trata-se o idoso brasileiro com o nosso clássico jeitinho, o que não chega a ser exatamente uma forma de respeitá-lo.
Quantas vezes uma simples dor de cabeça representa apenas o sintoma de algo muito mais sério ? Nossas faculdades de medicina, tão criticadas (salvo as honrosas exceções), precisam acordar para esse fato social e dar a prioridade devida aos estudos ligados à gerontologia.
Antes que seja tarde. Logo, nem toda unanimidade é burra, mas inteligente e preventiva.
(*) é professor universitário, jornalista e escritor
VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO
VIOLÊNCIA CONTRA OS IDOSOS
Atualmente, 15 anos após a edição da Lei de Política Nacional do Idoso e 6 anos após o Estatuto do Idoso, ainda está em fase inicial a adoção de práticas garantidoras dos direitos do idoso no Brasil. Dados do IBGE dão conta que, no Brasil, o contingente de idosos tem crescido de forma acelerada. Estima-se que, até 2020, o País conte com 40 milhões de pessoas acima de 60 anos, passando a ser o sexto país com mais idosos no mundo.
E, dentre os principais problemas enfrentados pelos idosos, o maior deles é o da violência, que não ocorre somente aqui. No Brasil, hoje, as violências e os acidentes constituem 3,5% dos óbitos de pessoas idosas, ocupando o sexto lugar na mortalidade, depois das doenças do aparelho circulatório, das neoplasias, das enfermidades respiratórias, digestivas e endócrinas. Morrem mais de 13 mil idosos por acidentes e violências por ano, significando, por dia, uma média de 35 óbitos, dos quais 66% são de homens e 34%, de mulheres.
Cerca de 10% dos idosos que morrem por violência são vítimas de homicídios, sendo que na maioria dos casos, são homens. No Brasil, as informações sobre doenças, lesões e traumas provocadas por causas violentas em idosos ainda são pouco consistentes. Pesquisadores chegam a estimar que 70% das lesões e traumas sofridos pelos velhos não comparecem às estatísticas. Em nosso País, há 93 mil idosos que se internam por ano por causa de quedas (53%), violências e agressões (27%) e acidentes de trânsito (20%).
Aqui, mais de 95% das pessoas acima de 60 anos estão morando com seus parentes ou vivem em suas próprias casas. Em 26% de todas as famílias, existe pelo menos uma pessoa com mais de 60 anos. Estudos parciais feitos no País mostram que a maioria das queixas dos idosos é contra filhos, netos ou cônjuges e outros 7% se referem a outros parentes.
As denúncias enfatizam em primeiro lugar abusos econômicos, como tentativas de apropriação dos bens do idoso ou abandono material cometido contra ele. Em segundo lugar, agressões físicas e, em terceiro, recusa dos familiares em dar-lhes proteção. A maioria das violências físicas cometidas pelos filhos está associada a alcoolismo, deles próprios ou dos pais idosos.
No que concerne à especificidade de gênero, todas as investigações mostram que, no interior da casa, as mulheres, proporcionalmente, são mais abusadas que os homens. E, ao contrário, na rua, eles são as vítimas preferenciais. Em ambos os sexos, os idosos mais vulneráveis são os dependentes física ou mentalmente, sobretudo quando apresentam problemas de esquecimento, confusão mental, alterações no sono, incontinência e dificuldades de locomoção, necessitando de cuidados intensivos em suas atividades da vida diária. Em conseqüência dos maus tratos, muitos idosos passam a sentir depressão, alienação, desordem pós-traumática, sentimentos de culpa e negação das ocorrências e situações que os vitimam e a viver em desesperança.
Por isso, é preciso reafirmar que falar de violência é fortalecer políticas estabelecidas, por exemplo, pelo Estatuto do Idoso, que queremos ver cumprido cada vez mais. Assim, existem hoje suficientes dispositivos legais e normativos para o enfrentamento da violência, assim como vão se implantando estratégias de proteção como os Conselhos Nacionais e Locais de Direitos dos Idosos, os “SOS – Idoso”, os “Ligue – Idoso” e muitos outros. No entanto, há uma imensa distância entre as leis e portarias e sua implementação. Muitas transformações previstas implicam mudanças de hábitos, usos e costume, portanto, outra mentalidade.
Além disso, deve ser estimulada a formação de uma verdadeira rede de proteção em todos os municípios, com órgãos como Promotorias do Idoso, Varas do Idoso, Defensorias do idoso, Conselhos de Direitos do Idoso, atendimento domiciliar ao idoso, residência temporária para idosos vítimas de violência, Centro-dia para atendimento de idosos que necessitam de atendimento diário especializado e contínuo, oficina abrigada de trabalho para que o idoso complemente a sua renda, casas-lares, capacitação de cuidadores de idosos e conselheiros, reserva de leitos em hospitais gerais e atendimento especializados nos consultórios dos hospitais públicos, os quais devem possuir médicos geriatras.
A interlocução entre todos esses órgãos e instituições torna-se essencial para a garantia dos direitos dos idosos, bem como para a inserção nos orçamentos dos recursos necessários para o atendimento das demandas das pessoas idosas. O maior antídoto contra a violência é a ampliação da inclusão na cidadania
Atualmente, 15 anos após a edição da Lei de Política Nacional do Idoso e 6 anos após o Estatuto do Idoso, ainda está em fase inicial a adoção de práticas garantidoras dos direitos do idoso no Brasil. Dados do IBGE dão conta que, no Brasil, o contingente de idosos tem crescido de forma acelerada. Estima-se que, até 2020, o País conte com 40 milhões de pessoas acima de 60 anos, passando a ser o sexto país com mais idosos no mundo.
E, dentre os principais problemas enfrentados pelos idosos, o maior deles é o da violência, que não ocorre somente aqui. No Brasil, hoje, as violências e os acidentes constituem 3,5% dos óbitos de pessoas idosas, ocupando o sexto lugar na mortalidade, depois das doenças do aparelho circulatório, das neoplasias, das enfermidades respiratórias, digestivas e endócrinas. Morrem mais de 13 mil idosos por acidentes e violências por ano, significando, por dia, uma média de 35 óbitos, dos quais 66% são de homens e 34%, de mulheres.
Cerca de 10% dos idosos que morrem por violência são vítimas de homicídios, sendo que na maioria dos casos, são homens. No Brasil, as informações sobre doenças, lesões e traumas provocadas por causas violentas em idosos ainda são pouco consistentes. Pesquisadores chegam a estimar que 70% das lesões e traumas sofridos pelos velhos não comparecem às estatísticas. Em nosso País, há 93 mil idosos que se internam por ano por causa de quedas (53%), violências e agressões (27%) e acidentes de trânsito (20%).
Aqui, mais de 95% das pessoas acima de 60 anos estão morando com seus parentes ou vivem em suas próprias casas. Em 26% de todas as famílias, existe pelo menos uma pessoa com mais de 60 anos. Estudos parciais feitos no País mostram que a maioria das queixas dos idosos é contra filhos, netos ou cônjuges e outros 7% se referem a outros parentes.
As denúncias enfatizam em primeiro lugar abusos econômicos, como tentativas de apropriação dos bens do idoso ou abandono material cometido contra ele. Em segundo lugar, agressões físicas e, em terceiro, recusa dos familiares em dar-lhes proteção. A maioria das violências físicas cometidas pelos filhos está associada a alcoolismo, deles próprios ou dos pais idosos.
No que concerne à especificidade de gênero, todas as investigações mostram que, no interior da casa, as mulheres, proporcionalmente, são mais abusadas que os homens. E, ao contrário, na rua, eles são as vítimas preferenciais. Em ambos os sexos, os idosos mais vulneráveis são os dependentes física ou mentalmente, sobretudo quando apresentam problemas de esquecimento, confusão mental, alterações no sono, incontinência e dificuldades de locomoção, necessitando de cuidados intensivos em suas atividades da vida diária. Em conseqüência dos maus tratos, muitos idosos passam a sentir depressão, alienação, desordem pós-traumática, sentimentos de culpa e negação das ocorrências e situações que os vitimam e a viver em desesperança.
Por isso, é preciso reafirmar que falar de violência é fortalecer políticas estabelecidas, por exemplo, pelo Estatuto do Idoso, que queremos ver cumprido cada vez mais. Assim, existem hoje suficientes dispositivos legais e normativos para o enfrentamento da violência, assim como vão se implantando estratégias de proteção como os Conselhos Nacionais e Locais de Direitos dos Idosos, os “SOS – Idoso”, os “Ligue – Idoso” e muitos outros. No entanto, há uma imensa distância entre as leis e portarias e sua implementação. Muitas transformações previstas implicam mudanças de hábitos, usos e costume, portanto, outra mentalidade.
Além disso, deve ser estimulada a formação de uma verdadeira rede de proteção em todos os municípios, com órgãos como Promotorias do Idoso, Varas do Idoso, Defensorias do idoso, Conselhos de Direitos do Idoso, atendimento domiciliar ao idoso, residência temporária para idosos vítimas de violência, Centro-dia para atendimento de idosos que necessitam de atendimento diário especializado e contínuo, oficina abrigada de trabalho para que o idoso complemente a sua renda, casas-lares, capacitação de cuidadores de idosos e conselheiros, reserva de leitos em hospitais gerais e atendimento especializados nos consultórios dos hospitais públicos, os quais devem possuir médicos geriatras.
A interlocução entre todos esses órgãos e instituições torna-se essencial para a garantia dos direitos dos idosos, bem como para a inserção nos orçamentos dos recursos necessários para o atendimento das demandas das pessoas idosas. O maior antídoto contra a violência é a ampliação da inclusão na cidadania
TAI CHI CHUAN E O IDOSO
Tai Chi Chuan em benefício da saúde do idoso.
Dados do IBGE apontam que a porcentagem de idosos na população do país vem aumentando. Atualmente, correspondem a cerca de 9,84% do total de habitantes e em poucos anos podem chegar a aproximadamente 30%. Não à toa, estudos na área de saúde se voltam a melhorias na qualidade de vida desta parcela da sociedade que enfrenta, entre outros fatores, problemas relacionados ao movimento e equilíbrio. Pensando em apresentar uma nova forma de combater essa questão, o médico Egídio Dórea, coordenador do Ambulatório de Doenças Médicas e Insuficiência Renal Crônica do Hospital Universitário (HU) da USP, desenvolveu um vídeo que mostra como o tradicional Tai Chi Chuan pode auxiliar na prevenção de quedas em idosos. A peça será utilizada em atividades do próprio HU e, ainda em 2010, chegará a outras instituições da rede pública.
Segundo ele, entre 30 a 40% dos indivíduos com mais de 65 anos sofrem quedas uma vez ao ano, e 60% apresentam fatores de risco como fraqueza nos membros inferiores, diminuição da acuidade visual, da reatividade, do reflexo e da propriocepção - termo utilizado no meio médico para descrever a percepção que alguém tem do próprio corpo, dos movimentos e das mudanças no equilíbrio e na posição articular. Dórea diz que, devido a esta capacidade - que diminui com o envelhecimento -, conseguimos, por exemplo, subir uma escada no escuro sem cair.
A ideia de usar o Tai Chi Chuan como alternativa na prevenção de quedas começou com a indicação de uma paciente que conhecia o especialista na prática Chow Chin Chien, de 93 anos de idade e 40 na modalidade. Inicialmente, Egídio Dórea propôs a Chien que criasse um equipamento para a praça de exercícios, o que logo foi descartado devido às dificuldades para executar o projeto. Anos depois, reativou-se a ideia após uma aula inaugural no HU em 2009, na comemoração do Dia Mundial de Prevenção de Quedas.
O médico Egídio Dórea trabalha no HU desde 1993 e há quatro anos se dedica à prevenção de quedas. Em 2008 participou de projeto, desenvolvido em parceria com o Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural (Fussesp) do Estado de São Paulo, que criou a primeira Praça de Exercícios do Idoso focada na prevenção de quedas, no Parque da Água Branca. Lá, existem equipamentos auto-explicativos criados para exercitar coordenação, movimento, equilíbrio e marcha. Segundo ele, já existem 32 praças como esta construídas em São Paulo. E a USP também terá a sua. A previsão é que daqui a seis meses, de acordo com o especialista, o espaço arborizado na frente do pronto socorro do HU, o antigo “fumodrómo”, seja transformado em praça de exercícios.
Atividade
No vídeo, após uma prévia explicação do médico, Chow apresenta o movimento geral do Tai Chi Chuan, narrado pela enfermeira Ana Lúcia Lopes, seguido por cada um dos seis movimentos que compõem o exercício em graus de complexidade. “Com isso, a pessoa pode praticar cada movimento separadamente ou todos juntos, quando quiser”, diz Dórea.
Segundo a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan, a prática consiste em movimentos circulares suaves, associados a exercícios de respiração, concentração e relaxamento. O especialista diz que os exercícios atuam na região sacro-lombar, parte central do equlíbrio do corpo. E atribui ao Tai Chi Chuan benefícios envolvendo equílibrio dinâmico, estático, flexibilidade e força.
De acordo com o médico, um estudo multicêntrico desenvolvido nos Estados Unidos, mostra que a prática de atividades físicas reduz em 11% o risco de quedas. O Tai Chi Chuan, por sua vez, reduziria de 20% a 30%.
As cerca de 1000 cópias do vídeo serão encaminhadas a partir da primeira semana de maio às Unidades Básicas de Saúde (Ubas) do Butantã (Zona Oeste de São Paulo), a pacientes do HU com histórico de quedas e a todos que participarem das aulas de Tai Chi Chuan que o hospital vai oferecer. Voltadas para pessoas acima de 65 anos, as aulas começam na primeira quarta-feira do próximo mês, das 9 horas às 10 horas. Os interessados devem procurar a enfermaria das Ubas ou do ambulatório de clínica médica do HU.
Texto: Camila Camilo
Fonte: USP Online
Dados do IBGE apontam que a porcentagem de idosos na população do país vem aumentando. Atualmente, correspondem a cerca de 9,84% do total de habitantes e em poucos anos podem chegar a aproximadamente 30%. Não à toa, estudos na área de saúde se voltam a melhorias na qualidade de vida desta parcela da sociedade que enfrenta, entre outros fatores, problemas relacionados ao movimento e equilíbrio. Pensando em apresentar uma nova forma de combater essa questão, o médico Egídio Dórea, coordenador do Ambulatório de Doenças Médicas e Insuficiência Renal Crônica do Hospital Universitário (HU) da USP, desenvolveu um vídeo que mostra como o tradicional Tai Chi Chuan pode auxiliar na prevenção de quedas em idosos. A peça será utilizada em atividades do próprio HU e, ainda em 2010, chegará a outras instituições da rede pública.
Segundo ele, entre 30 a 40% dos indivíduos com mais de 65 anos sofrem quedas uma vez ao ano, e 60% apresentam fatores de risco como fraqueza nos membros inferiores, diminuição da acuidade visual, da reatividade, do reflexo e da propriocepção - termo utilizado no meio médico para descrever a percepção que alguém tem do próprio corpo, dos movimentos e das mudanças no equilíbrio e na posição articular. Dórea diz que, devido a esta capacidade - que diminui com o envelhecimento -, conseguimos, por exemplo, subir uma escada no escuro sem cair.
A ideia de usar o Tai Chi Chuan como alternativa na prevenção de quedas começou com a indicação de uma paciente que conhecia o especialista na prática Chow Chin Chien, de 93 anos de idade e 40 na modalidade. Inicialmente, Egídio Dórea propôs a Chien que criasse um equipamento para a praça de exercícios, o que logo foi descartado devido às dificuldades para executar o projeto. Anos depois, reativou-se a ideia após uma aula inaugural no HU em 2009, na comemoração do Dia Mundial de Prevenção de Quedas.
O médico Egídio Dórea trabalha no HU desde 1993 e há quatro anos se dedica à prevenção de quedas. Em 2008 participou de projeto, desenvolvido em parceria com o Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural (Fussesp) do Estado de São Paulo, que criou a primeira Praça de Exercícios do Idoso focada na prevenção de quedas, no Parque da Água Branca. Lá, existem equipamentos auto-explicativos criados para exercitar coordenação, movimento, equilíbrio e marcha. Segundo ele, já existem 32 praças como esta construídas em São Paulo. E a USP também terá a sua. A previsão é que daqui a seis meses, de acordo com o especialista, o espaço arborizado na frente do pronto socorro do HU, o antigo “fumodrómo”, seja transformado em praça de exercícios.
Atividade
No vídeo, após uma prévia explicação do médico, Chow apresenta o movimento geral do Tai Chi Chuan, narrado pela enfermeira Ana Lúcia Lopes, seguido por cada um dos seis movimentos que compõem o exercício em graus de complexidade. “Com isso, a pessoa pode praticar cada movimento separadamente ou todos juntos, quando quiser”, diz Dórea.
Segundo a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan, a prática consiste em movimentos circulares suaves, associados a exercícios de respiração, concentração e relaxamento. O especialista diz que os exercícios atuam na região sacro-lombar, parte central do equlíbrio do corpo. E atribui ao Tai Chi Chuan benefícios envolvendo equílibrio dinâmico, estático, flexibilidade e força.
De acordo com o médico, um estudo multicêntrico desenvolvido nos Estados Unidos, mostra que a prática de atividades físicas reduz em 11% o risco de quedas. O Tai Chi Chuan, por sua vez, reduziria de 20% a 30%.
As cerca de 1000 cópias do vídeo serão encaminhadas a partir da primeira semana de maio às Unidades Básicas de Saúde (Ubas) do Butantã (Zona Oeste de São Paulo), a pacientes do HU com histórico de quedas e a todos que participarem das aulas de Tai Chi Chuan que o hospital vai oferecer. Voltadas para pessoas acima de 65 anos, as aulas começam na primeira quarta-feira do próximo mês, das 9 horas às 10 horas. Os interessados devem procurar a enfermaria das Ubas ou do ambulatório de clínica médica do HU.
Texto: Camila Camilo
Fonte: USP Online
PRESCRIÇÃO
Má avaliação na prescrição pode interferir no consumo de remédios
"O padrão de uso de medicamentos entre idosas com mais de 60 anos é bastante influenciado pela prescrição médica, e sua qualidade é prejudicada pela baixa seletividade do mercado farmacêutico", foi o que constatou a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Suely Rosenfeld, no artigo Avaliação da qualidade do uso de medicamento em idosos, publicado no volume 33 da Revista de Saúde Pública. O estudo visou avaliar a qualidade do uso de medicamentos por meio da análise do padrão do uso, do grau de concordância com a lista de medicamentos essenciais, do valor terapêutico e das interações medicamentosas encontradas entre mulheres idosas.
De acordo com Suely, no trabalho optou-se por estudar o uso de medicamentos entre idosas que participam de atividades realizadas em um centro de convivência de idosos, a Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Unati/Uerj), com acesso à assistência médica e farmacêutica regular, inscritas nos arquivos da Unati entre 1992 e 1995. "Pretendeu-se avaliar a qualidade do uso de medicamentos nessa população por meio de indicadores capazes de identificar o padrão do uso, quantificar e analisar os medicamentos, as combinações em doses fixas, as redundâncias e as interações medicamentosas consideradas impróprias", apontou a autora.
A pesquisadora explicou que, para a realização do estudo, foram pesquisadas 634 mulheres que frequentavam a Unati. Os dados foram coletados por meio de questionários padronizados e testados. "As variáveis utilizadas foram relativas aos medicamentos e a seu modo de utilização. As unidades de análise foram o medicamento e o indivíduo", destaca. Segundo Suely, diferentes estudos de avaliação do uso de medicamentos constataram que, além da utilização de um grande número de especialidades farmacêuticas entre os idosos, há prevalência do uso de determinados grupos de medicamentos, como: analgésicos, anti-inflamatórios e psicotrópicos.
Para a autora, assim como o número de indivíduos idosos vem aumentando, o consumo de medicamentos por essa população acompanha essa tendência. Os idosos são, possivelmente, o grupo etário mais medicalizado na sociedade, devido ao aumento de prevalência de doenças crônicas com a idade. Suely expõe ainda que "os idosos chegam a constituir 50% dos multiusuários. É comum encontrar em suas prescrições dosagens e indicações inadequadas, interações medicamentosas, associações e redundância (uso de fármacos pertencentes a uma mesma classe terapêutica) e medicamentos sem valor terapêutico". Esses fatores podem gerar reações adversas aos medicamentos, algumas delas graves e fatais, alerta a pesquisadora.
Segundo Suely, o resultado encontrado apontou que das 634 mulheres estudadas, 9,1% não tomam qualquer tipo de medicamento. A média de medicamentos consumidos foi de 4,0 por mulher e, das 2.510 especialidades farmacêuticas citadas no estudo, há 538 princípios ativos diferentes. "Aproximadamente 26% dos medicamentos são concordantes com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), e 17% com as da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Aproximadamente 17% dos medicamentos são inadequados para uso. No que diz respeito a redundâncias, 14,1% das mulheres podem sofrer consequências decorrentes desse evento. Quanto às interações medicamentosos, 15,5% das entrevistas estão expostas a principais interações", constatou a pesquisadora.
Importância da prescrição médica na qualidade medicamentosa
O estudou revelou a importância de uma avaliação adequada no momento da prescrição, pois tais associações só tendem a aumentar a incidência de efeitos adversos. A prescrição médica é um dos fatores capazes de interferir na qualidade e na quantidade do consumo de medicamentos; o profissional de saúde responsável pela prescrição deve possuir e usar uma série de informações, como dose, custos, via de administração, efeitos adversos e eficácia, no momento de prescrever. A pesquisadora destacou ainda que "a indústria farmacêutica e seu marketing poderoso são responsáveis pela prescrição e consumo de medicamentos sem eficácia estabelecida e desvinculados da realidade nosológica da população".
De acordo com a autora, conclui-se que como a decisão médica a respeito dos medicamentos envolve, além dos fatores supracitados, as opções de medicamentos existentes no mercado, os organismos responsáveis pela aprovação de novos medicamentos devem assegurar a oferta de produtos seguros e eficazes já no registro. "A utilização de medicamentos genéricos deveria ser levada em conta por qualquer sociedade que desejasse vivenciar uma política racional de uso de medicamentos. A população e os profissionais de saúde devem exigir das autoridades sanitárias medidas concretas, no sentido de impedir, ou ao menos diminuir, a presença no mercado de produtos perigosos para a população", adverte Suely.
Para a pesquisadora, programas específicos de atenção ao idoso, como as universidades da terceira idade, podem ser importantes locais para realização de programas assistenciais, de educação continuada e de pesquisas, e também centros de referência de estudos e formação de recursos humanos. "Atividades educativas, tanto para os profissionais quanto para os alunos, podem ser realizadas buscando-se o aprimoramento do uso de fármacos pelos idosos. Tais informações poderiam ser transmitidas por meio de vídeos, palestras e cursos, com ênfase especial no papel que o farmacêutico pode desempenhar como educador", destacou Suely.
"O padrão de uso de medicamentos entre idosas com mais de 60 anos é bastante influenciado pela prescrição médica, e sua qualidade é prejudicada pela baixa seletividade do mercado farmacêutico", foi o que constatou a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Suely Rosenfeld, no artigo Avaliação da qualidade do uso de medicamento em idosos, publicado no volume 33 da Revista de Saúde Pública. O estudo visou avaliar a qualidade do uso de medicamentos por meio da análise do padrão do uso, do grau de concordância com a lista de medicamentos essenciais, do valor terapêutico e das interações medicamentosas encontradas entre mulheres idosas.
De acordo com Suely, no trabalho optou-se por estudar o uso de medicamentos entre idosas que participam de atividades realizadas em um centro de convivência de idosos, a Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Unati/Uerj), com acesso à assistência médica e farmacêutica regular, inscritas nos arquivos da Unati entre 1992 e 1995. "Pretendeu-se avaliar a qualidade do uso de medicamentos nessa população por meio de indicadores capazes de identificar o padrão do uso, quantificar e analisar os medicamentos, as combinações em doses fixas, as redundâncias e as interações medicamentosas consideradas impróprias", apontou a autora.
A pesquisadora explicou que, para a realização do estudo, foram pesquisadas 634 mulheres que frequentavam a Unati. Os dados foram coletados por meio de questionários padronizados e testados. "As variáveis utilizadas foram relativas aos medicamentos e a seu modo de utilização. As unidades de análise foram o medicamento e o indivíduo", destaca. Segundo Suely, diferentes estudos de avaliação do uso de medicamentos constataram que, além da utilização de um grande número de especialidades farmacêuticas entre os idosos, há prevalência do uso de determinados grupos de medicamentos, como: analgésicos, anti-inflamatórios e psicotrópicos.
Para a autora, assim como o número de indivíduos idosos vem aumentando, o consumo de medicamentos por essa população acompanha essa tendência. Os idosos são, possivelmente, o grupo etário mais medicalizado na sociedade, devido ao aumento de prevalência de doenças crônicas com a idade. Suely expõe ainda que "os idosos chegam a constituir 50% dos multiusuários. É comum encontrar em suas prescrições dosagens e indicações inadequadas, interações medicamentosas, associações e redundância (uso de fármacos pertencentes a uma mesma classe terapêutica) e medicamentos sem valor terapêutico". Esses fatores podem gerar reações adversas aos medicamentos, algumas delas graves e fatais, alerta a pesquisadora.
Segundo Suely, o resultado encontrado apontou que das 634 mulheres estudadas, 9,1% não tomam qualquer tipo de medicamento. A média de medicamentos consumidos foi de 4,0 por mulher e, das 2.510 especialidades farmacêuticas citadas no estudo, há 538 princípios ativos diferentes. "Aproximadamente 26% dos medicamentos são concordantes com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), e 17% com as da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Aproximadamente 17% dos medicamentos são inadequados para uso. No que diz respeito a redundâncias, 14,1% das mulheres podem sofrer consequências decorrentes desse evento. Quanto às interações medicamentosos, 15,5% das entrevistas estão expostas a principais interações", constatou a pesquisadora.
Importância da prescrição médica na qualidade medicamentosa
O estudou revelou a importância de uma avaliação adequada no momento da prescrição, pois tais associações só tendem a aumentar a incidência de efeitos adversos. A prescrição médica é um dos fatores capazes de interferir na qualidade e na quantidade do consumo de medicamentos; o profissional de saúde responsável pela prescrição deve possuir e usar uma série de informações, como dose, custos, via de administração, efeitos adversos e eficácia, no momento de prescrever. A pesquisadora destacou ainda que "a indústria farmacêutica e seu marketing poderoso são responsáveis pela prescrição e consumo de medicamentos sem eficácia estabelecida e desvinculados da realidade nosológica da população".
De acordo com a autora, conclui-se que como a decisão médica a respeito dos medicamentos envolve, além dos fatores supracitados, as opções de medicamentos existentes no mercado, os organismos responsáveis pela aprovação de novos medicamentos devem assegurar a oferta de produtos seguros e eficazes já no registro. "A utilização de medicamentos genéricos deveria ser levada em conta por qualquer sociedade que desejasse vivenciar uma política racional de uso de medicamentos. A população e os profissionais de saúde devem exigir das autoridades sanitárias medidas concretas, no sentido de impedir, ou ao menos diminuir, a presença no mercado de produtos perigosos para a população", adverte Suely.
Para a pesquisadora, programas específicos de atenção ao idoso, como as universidades da terceira idade, podem ser importantes locais para realização de programas assistenciais, de educação continuada e de pesquisas, e também centros de referência de estudos e formação de recursos humanos. "Atividades educativas, tanto para os profissionais quanto para os alunos, podem ser realizadas buscando-se o aprimoramento do uso de fármacos pelos idosos. Tais informações poderiam ser transmitidas por meio de vídeos, palestras e cursos, com ênfase especial no papel que o farmacêutico pode desempenhar como educador", destacou Suely.
EXERCICIOS RESPIRATORIOS E ASMA NO IDOSO
Exercícios respiratórios ajudam a tratar idosos com asma.
Exercícios respiratórios são eficazes e podem atuar como aliados ao tratamento medicamentoso da asma na população idosa. De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), idosos asmáticos que se submeteram a um programa regular de exercícios respiratórios — em geral deixados em segundo plano — apresentaram melhora no quadro clínico e na qualidade de vida.
O estudo Os efeitos de um programa de exercícios respiratórios para idosos asmáticos, de autoria de Ludmila Tais Yazbek Gomieiro, consiste basicamente em praticar a respiração diafragmática, com ênfase na parte baixa do diafragma, para que a respiração se dê de maneira mais correta: “No dia-a-dia não enchemos nem esvaziamos o pulmão o quanto deveríamos”, afirma. O programa de exercícios foi aplicado duas vezes por semana, em sessões de uma hora, durante quatro meses.
Os principais sintomas da asma — tosse, falta de ar e “aperto” no peito — se manifestam em crises desencadeadas, normalmente, por estímulos físicos, emocionais ou ambientais, como fumaça ou poeira. A limitação física de idosos, consequência natural da maior idade, facilita o desencadeamento desses sintomas, principalmente quando uma atividade física, ainda que diária, é realizada.
Além disso, o envelhecimento torna a parede torácica mais rígida e enfraquece os músculos respiratórios, entre eles o diafragma, o que reduz a capacidade de respirar. Assim, em função do medo da crise, a autoconfiança dos idosos diminui e isso tem influência negativa em sua vida social. “Eles ficam com medo de sair de casa, de passear com os netos, de viajar, pois acham que terão falta de ar ou uma crise e não terão como serem socorridos, pois estarão em ambientes desconhecidos”, explica a pesquisadora.
De acordo com o estudo, houve um aumento das pressões inspiratórias e expiratórias em decorrência do fortalecimento da musculatura, ou seja, o pulmão passou a esvaziar e a encher melhor. Isso diminuiu as limitações físicas dos pacientes. “Subir ladeiras e escadas, entrar no ônibus ou realizar atividades diárias tornou-se mais fácil”, descreve Ludmila. A necessidade do bronco-dilatador, conhecido por “bombinha”, também diminuiu, bem como a quantidade de falta de ar durante a noite. Em conjunto, esses resultados aumentaram a qualidade de vida dos idosos, que passaram a se sentir mais confiantes.
A pesquisa
No Brasil, o aumento da população com mais de 60 anos e a ausência de estudos sobre exercícios respiratórios como tratamento da asma para pessoas com essa faixa etária foram fatores que levaram Ludmila a pesquisar o tema. Entretanto, sua maior motivação foram as aulas de atividades físicas para asmáticos das quais participava. “Alguns alunos chegavam em crise leve e nós conseguíamos reverter o quadro só com os exercícios respiratórios.”
A maioria dos tratamentos deixa de lado os exercícios ou, quando os utilizam, fazem uso de aparelhos e válvulas inspiratórias, o que os torna menos acessíveis. O programa de exercícios desenvolvido por Ludmila não necessita de aparelhos e o paciente pode praticá-lo sem sair de casa. “Se a pessoa tiver disciplina e conseguir decorar o básico, é possível fazer sozinha.” Além disso, se praticados regularmente, podem ser coadjuvantes no tratamento da doença.
O estudo teve a orientação do prof. Pedro Francisco Giavina Bianchi Junior, do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP.
Texto: Juliana Cruz
Fonte: Agência USP
Exercícios respiratórios são eficazes e podem atuar como aliados ao tratamento medicamentoso da asma na população idosa. De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), idosos asmáticos que se submeteram a um programa regular de exercícios respiratórios — em geral deixados em segundo plano — apresentaram melhora no quadro clínico e na qualidade de vida.
O estudo Os efeitos de um programa de exercícios respiratórios para idosos asmáticos, de autoria de Ludmila Tais Yazbek Gomieiro, consiste basicamente em praticar a respiração diafragmática, com ênfase na parte baixa do diafragma, para que a respiração se dê de maneira mais correta: “No dia-a-dia não enchemos nem esvaziamos o pulmão o quanto deveríamos”, afirma. O programa de exercícios foi aplicado duas vezes por semana, em sessões de uma hora, durante quatro meses.
Os principais sintomas da asma — tosse, falta de ar e “aperto” no peito — se manifestam em crises desencadeadas, normalmente, por estímulos físicos, emocionais ou ambientais, como fumaça ou poeira. A limitação física de idosos, consequência natural da maior idade, facilita o desencadeamento desses sintomas, principalmente quando uma atividade física, ainda que diária, é realizada.
Além disso, o envelhecimento torna a parede torácica mais rígida e enfraquece os músculos respiratórios, entre eles o diafragma, o que reduz a capacidade de respirar. Assim, em função do medo da crise, a autoconfiança dos idosos diminui e isso tem influência negativa em sua vida social. “Eles ficam com medo de sair de casa, de passear com os netos, de viajar, pois acham que terão falta de ar ou uma crise e não terão como serem socorridos, pois estarão em ambientes desconhecidos”, explica a pesquisadora.
De acordo com o estudo, houve um aumento das pressões inspiratórias e expiratórias em decorrência do fortalecimento da musculatura, ou seja, o pulmão passou a esvaziar e a encher melhor. Isso diminuiu as limitações físicas dos pacientes. “Subir ladeiras e escadas, entrar no ônibus ou realizar atividades diárias tornou-se mais fácil”, descreve Ludmila. A necessidade do bronco-dilatador, conhecido por “bombinha”, também diminuiu, bem como a quantidade de falta de ar durante a noite. Em conjunto, esses resultados aumentaram a qualidade de vida dos idosos, que passaram a se sentir mais confiantes.
A pesquisa
No Brasil, o aumento da população com mais de 60 anos e a ausência de estudos sobre exercícios respiratórios como tratamento da asma para pessoas com essa faixa etária foram fatores que levaram Ludmila a pesquisar o tema. Entretanto, sua maior motivação foram as aulas de atividades físicas para asmáticos das quais participava. “Alguns alunos chegavam em crise leve e nós conseguíamos reverter o quadro só com os exercícios respiratórios.”
A maioria dos tratamentos deixa de lado os exercícios ou, quando os utilizam, fazem uso de aparelhos e válvulas inspiratórias, o que os torna menos acessíveis. O programa de exercícios desenvolvido por Ludmila não necessita de aparelhos e o paciente pode praticá-lo sem sair de casa. “Se a pessoa tiver disciplina e conseguir decorar o básico, é possível fazer sozinha.” Além disso, se praticados regularmente, podem ser coadjuvantes no tratamento da doença.
O estudo teve a orientação do prof. Pedro Francisco Giavina Bianchi Junior, do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP.
Texto: Juliana Cruz
Fonte: Agência USP
CAPACIDADE MASTIGATÓRIA NO IDOSO
Idosos apresentam alta prevalência de capacidade mastigatória insatisfatória
Em estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, analisaram as prevalências de capacidade mastigatória insatisfatória e fatores associados em 5.124 idosos moradores de 250 municípios brasileiros. A pesquisa concluiu que 49,7% dos consultados possuem problemas bucais que dificultam o ato de mastigar.
“Um dos fatores de diminuição da qualidade de vida e de saúde geral entre os idosos está intimamente relacionado com a possibilidade de ingestão de bons nutrientes que geralmente exigem a presença de dentes naturais sadios ou de próteses dentárias bem adaptadas”, explicam os pesquisadores. “As próteses, quando não estão em boas condições de funcionamento e trituração dos alimentos, acabam por mudar hábitos alimentares, tendo como consequência a depauperação orgânica com o aumento dos problemas digestivos decorrentes de uma apresentação inadequada do bolo alimentar em seu interior”.
Além disso, eles elucidam que a mudança para dietas pastosas para superar tais problemas bucais pode, ao contrário do que se imagina, agravar o estado nutricional dos idosos em médio prazo, no que se trata da absorção de nutrientes. “Enfatiza-se a necessidade de se ter uma dentição em perfeito funcionamento, em nome da ingestão de bons nutrientes, provindos de proteína animal, frutas e verduras, alimentos, estes, de difícil deglutição para pessoas com a capacidade mastigatória diminuída”, comentam os estudiosos.
No que se refere a idas ao dentista, 66,7% dos consultados relatou uma frequência de visita com periodicidade de três anos ou mais, 60,1% das pessoas não receberam orientações de como evitar problemas bucais, 69,4% apresentaram cáries não tratadas, 60,9% tinham perdas entre 28 a 32 dentes e 59,2% usavam próteses dentárias. “Por outro lado, a maioria não apresentava alterações de tecido mole (83,8%), nem doença periodontal severa (37,6%), tinha ausência de dor de dente nos últimos seis meses (77,1%) e não tinha necessidade de próteses (43,3%)”, afirmam os pesquisadores.
Com relação às variáveis demográficas, a análise apresentou diferenças estatisticamente significativas quanto à cor da pele, sendo que indivíduos de pele negra e parda mostraram as maiores prevalências. Quanto às variáveis socioeconômicas, a capacidade mastigatória insatisfatória aumentou de acordo com o menor grau de escolaridade. Os fatores sexo, idade e localização geográfica não estiveram associados à prevalência em questão.
Os resultados, de acordo com os pesquisadores, revelaram a associação de capacidade mastigatória insatisfatória com nível de renda familiar e utilização de serviços de saúde. “Devido ao aumento da expectativa de vida da população brasileira, tornam-se evidentes que melhores condições de acesso e tratamentos adequados a essa parcela da população se fazem necessários”, concluem os estudiosos no artigo.
Texto: Renata Moehlecke
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias
Em estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, analisaram as prevalências de capacidade mastigatória insatisfatória e fatores associados em 5.124 idosos moradores de 250 municípios brasileiros. A pesquisa concluiu que 49,7% dos consultados possuem problemas bucais que dificultam o ato de mastigar.
“Um dos fatores de diminuição da qualidade de vida e de saúde geral entre os idosos está intimamente relacionado com a possibilidade de ingestão de bons nutrientes que geralmente exigem a presença de dentes naturais sadios ou de próteses dentárias bem adaptadas”, explicam os pesquisadores. “As próteses, quando não estão em boas condições de funcionamento e trituração dos alimentos, acabam por mudar hábitos alimentares, tendo como consequência a depauperação orgânica com o aumento dos problemas digestivos decorrentes de uma apresentação inadequada do bolo alimentar em seu interior”.
Além disso, eles elucidam que a mudança para dietas pastosas para superar tais problemas bucais pode, ao contrário do que se imagina, agravar o estado nutricional dos idosos em médio prazo, no que se trata da absorção de nutrientes. “Enfatiza-se a necessidade de se ter uma dentição em perfeito funcionamento, em nome da ingestão de bons nutrientes, provindos de proteína animal, frutas e verduras, alimentos, estes, de difícil deglutição para pessoas com a capacidade mastigatória diminuída”, comentam os estudiosos.
No que se refere a idas ao dentista, 66,7% dos consultados relatou uma frequência de visita com periodicidade de três anos ou mais, 60,1% das pessoas não receberam orientações de como evitar problemas bucais, 69,4% apresentaram cáries não tratadas, 60,9% tinham perdas entre 28 a 32 dentes e 59,2% usavam próteses dentárias. “Por outro lado, a maioria não apresentava alterações de tecido mole (83,8%), nem doença periodontal severa (37,6%), tinha ausência de dor de dente nos últimos seis meses (77,1%) e não tinha necessidade de próteses (43,3%)”, afirmam os pesquisadores.
Com relação às variáveis demográficas, a análise apresentou diferenças estatisticamente significativas quanto à cor da pele, sendo que indivíduos de pele negra e parda mostraram as maiores prevalências. Quanto às variáveis socioeconômicas, a capacidade mastigatória insatisfatória aumentou de acordo com o menor grau de escolaridade. Os fatores sexo, idade e localização geográfica não estiveram associados à prevalência em questão.
Os resultados, de acordo com os pesquisadores, revelaram a associação de capacidade mastigatória insatisfatória com nível de renda familiar e utilização de serviços de saúde. “Devido ao aumento da expectativa de vida da população brasileira, tornam-se evidentes que melhores condições de acesso e tratamentos adequados a essa parcela da população se fazem necessários”, concluem os estudiosos no artigo.
Texto: Renata Moehlecke
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias
Idosos pobres têm dificuldades de mastigação
De acordo com pesquisa publicada nos Cadernos de Saúde Pública, muitos idosos sofrem com problemas de mastigação - e esse quadro que pode estar diretamente relacionado com a baixa renda, não-assiduidade nos tratamentos dentários ou mesmo nunca ter ido ao dentista, ter cáries não-tratadas e possuir necessidade de prótese dentária. O trabalho é de Juvenal Soares Dias-da-Costa, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, e colegas, e foi publicado na edição de janeiro de 2010.
Segundo os autores, foram utilizados dados de estudo realizado pelo Ministério da Saúde, com a participação das secretarias estaduais e municipais de saúde, de universidades, do Conselho Federal de Odontologia e da Associação Brasileira de Odontologia. "O estudo foi realizado incluindo zonas urbanas e rurais de 250 municípios em todos os estados brasileiros durante os anos de 2002 e 2003", afirmam. Todos os dados, segundo o grupo, foram coletados nos domicílios dos participantes, através de exames dentários e de uma entrevista.
Os pesquisadores revelam que dos 5.124 idosos entrevistados, 2.546 disseram ter capacidade de mastigação insatisfatória. Quanto às variáveis socioeconômicas, eles declaram que "as prevalências de capacidade mastigatória insatisfatória aumentaram de acordo com a diminuição de renda. Indivíduos com menor escolaridade também apresentaram maior prevalência de capacidade mastigatória insatisfatória". Além disso, "a maioria dos entrevistados referiu: frequência de visita ao dentista com a periodicidade de 3 anos ou mais (66,7%), local de atendimento no sistema público (41,9%)" e "60,1% das pessoas não receberam orientações de como evitar problemas bucais, 69,4% apresentavam presença de cáries não tratadas, 60,9% tinham perdas entre 28 a 32 dentes e 59,2% usavam próteses dentárias totais. Por outro lado, a maioria não apresentava alterações de tecido mole (83,8%), nem doença periodontal severa (37,6%), tinha ausência de dor de dente nos últimos seis meses (77,1%) e não tinha necessidade de prótese (43,3%)".
Para Juvenal e colegas, o estudo "diagnosticou de forma rigorosa e consistente as condições de saúde bucal da população idosa, apontando para a necessidade da sua priorização e indo ao encontro da tendência da produção científica odontológica no Brasil". Eles acreditam que "com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, tornam-se evidentes que melhores condições de acesso e tratamentos adequados a essa parcela da população se fazem necessários".
Fonte: Saúde em Movimento/Agência Notisa
De acordo com pesquisa publicada nos Cadernos de Saúde Pública, muitos idosos sofrem com problemas de mastigação - e esse quadro que pode estar diretamente relacionado com a baixa renda, não-assiduidade nos tratamentos dentários ou mesmo nunca ter ido ao dentista, ter cáries não-tratadas e possuir necessidade de prótese dentária. O trabalho é de Juvenal Soares Dias-da-Costa, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, e colegas, e foi publicado na edição de janeiro de 2010.
Segundo os autores, foram utilizados dados de estudo realizado pelo Ministério da Saúde, com a participação das secretarias estaduais e municipais de saúde, de universidades, do Conselho Federal de Odontologia e da Associação Brasileira de Odontologia. "O estudo foi realizado incluindo zonas urbanas e rurais de 250 municípios em todos os estados brasileiros durante os anos de 2002 e 2003", afirmam. Todos os dados, segundo o grupo, foram coletados nos domicílios dos participantes, através de exames dentários e de uma entrevista.
Os pesquisadores revelam que dos 5.124 idosos entrevistados, 2.546 disseram ter capacidade de mastigação insatisfatória. Quanto às variáveis socioeconômicas, eles declaram que "as prevalências de capacidade mastigatória insatisfatória aumentaram de acordo com a diminuição de renda. Indivíduos com menor escolaridade também apresentaram maior prevalência de capacidade mastigatória insatisfatória". Além disso, "a maioria dos entrevistados referiu: frequência de visita ao dentista com a periodicidade de 3 anos ou mais (66,7%), local de atendimento no sistema público (41,9%)" e "60,1% das pessoas não receberam orientações de como evitar problemas bucais, 69,4% apresentavam presença de cáries não tratadas, 60,9% tinham perdas entre 28 a 32 dentes e 59,2% usavam próteses dentárias totais. Por outro lado, a maioria não apresentava alterações de tecido mole (83,8%), nem doença periodontal severa (37,6%), tinha ausência de dor de dente nos últimos seis meses (77,1%) e não tinha necessidade de prótese (43,3%)".
Para Juvenal e colegas, o estudo "diagnosticou de forma rigorosa e consistente as condições de saúde bucal da população idosa, apontando para a necessidade da sua priorização e indo ao encontro da tendência da produção científica odontológica no Brasil". Eles acreditam que "com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, tornam-se evidentes que melhores condições de acesso e tratamentos adequados a essa parcela da população se fazem necessários".
Fonte: Saúde em Movimento/Agência Notisa
VIAJAR DE AVIÃO FICOU MAIS EM CONTA PARA OS IDOSOS, DESDE SETEMBRO DE 2010.
Idosos viajarão com desconto pela Trip
Tags: TAM Trip
A partir do dia 26 de setembro, pessoas com mais de 60 anos poderão viajar mais por todo o País. A TRIP Linhas Aéreas é a primeira companhia aérea a aderir ao programa ‘Viaja Mais Melhor Idade’, do Ministério do Turismo, com descontos em passagens aéreas para os mais de 70 destinos onde atua. O objetivo do Governo Federal é fortalecer o turismo e contribuir para a qualidade de vida do idoso.
O desconto concedido pela TRIP Linhas Aéreas é de 35% sobre qualquer tarifa disponível no site (www.trip.com.br), para qualquer destino operado exclusivamente pela empresa, e está disponível para todas as épocas do ano: média ou alta temporada. Os interessados devem comprar as passagens pelo site www.viajamais.com.br, a partir da data do início do programa.
“A TRIP acredita que as pessoas na melhor idade merecem facilidades para aproveitar ainda mais essa fase da vida, por isso, foi pioneira na adesão do programa ’Viaja Mais Melhor Idade’. Além disso, a TRIP é a companhia aérea que voa para o maior número de cidades no País e está em nossa missão trabalhar pela expansão do turismo brasileiro”, afirma Evaristo Mascarenhas de Paula, diretor de Marketing e Vendas da empresa.
A parceria da TRIP e do Ministério do Turismo também visa desenvolver o turismo e agora, também, o mercado de aviação no Brasil. Desde a criação do programa em 2007, o ‘Viaja Mais Melhor Idade’ já vendeu mais de 482 mil pacotes turísticos. Atualmente, o programa oferece desconto de 50% nas diárias de dois mil hotéis em todo país durante a baixa ocupação.
De acordo com a coordenadora-geral de Apoio à Comercialização do MTur, Jurema Monteiro, ‘a parceria é uma oportunidade para diversificar os produtos oferecidos pelo Viaja Mais e contribuir para manter o mercado interno aquecido durante o ano’.
Os descontos não são aplicados para trechos em voos compartilhados com a TAM Linhas Aéreas. Para embarque é obrigatório a apresentação de documentação original contendo foto. Caso o passageiro que efetue compra de passagens e não tenha 60 anos ou mais, não poderá realizar o embarque, gerando assim taxas, caso queira remarcar ou reemitir de acordo com o Perfil Tarifário.
Tags: TAM Trip
A partir do dia 26 de setembro, pessoas com mais de 60 anos poderão viajar mais por todo o País. A TRIP Linhas Aéreas é a primeira companhia aérea a aderir ao programa ‘Viaja Mais Melhor Idade’, do Ministério do Turismo, com descontos em passagens aéreas para os mais de 70 destinos onde atua. O objetivo do Governo Federal é fortalecer o turismo e contribuir para a qualidade de vida do idoso.
O desconto concedido pela TRIP Linhas Aéreas é de 35% sobre qualquer tarifa disponível no site (www.trip.com.br), para qualquer destino operado exclusivamente pela empresa, e está disponível para todas as épocas do ano: média ou alta temporada. Os interessados devem comprar as passagens pelo site www.viajamais.com.br, a partir da data do início do programa.
“A TRIP acredita que as pessoas na melhor idade merecem facilidades para aproveitar ainda mais essa fase da vida, por isso, foi pioneira na adesão do programa ’Viaja Mais Melhor Idade’. Além disso, a TRIP é a companhia aérea que voa para o maior número de cidades no País e está em nossa missão trabalhar pela expansão do turismo brasileiro”, afirma Evaristo Mascarenhas de Paula, diretor de Marketing e Vendas da empresa.
A parceria da TRIP e do Ministério do Turismo também visa desenvolver o turismo e agora, também, o mercado de aviação no Brasil. Desde a criação do programa em 2007, o ‘Viaja Mais Melhor Idade’ já vendeu mais de 482 mil pacotes turísticos. Atualmente, o programa oferece desconto de 50% nas diárias de dois mil hotéis em todo país durante a baixa ocupação.
De acordo com a coordenadora-geral de Apoio à Comercialização do MTur, Jurema Monteiro, ‘a parceria é uma oportunidade para diversificar os produtos oferecidos pelo Viaja Mais e contribuir para manter o mercado interno aquecido durante o ano’.
Os descontos não são aplicados para trechos em voos compartilhados com a TAM Linhas Aéreas. Para embarque é obrigatório a apresentação de documentação original contendo foto. Caso o passageiro que efetue compra de passagens e não tenha 60 anos ou mais, não poderá realizar o embarque, gerando assim taxas, caso queira remarcar ou reemitir de acordo com o Perfil Tarifário.
MANTER OBJETIVOS DE VIDA CONTRIBUI PARA UMA VELHICE SAUDÁVEL.
Manter objetivos de vida contribui para uma velhice saudável
Velhinhos jogando dominó nas praças ou senhoras fazendo tricô enquanto assistem à novela. Por muitos anos essas imagens eram referências ao se falar em aposentados. Contudo, essas cenas estão ficando no passado, dando lugar a idosos com uma agenda movimentada, que contempla a academia, viagens, entre outras atividades. A rotina agitada propicia motivação e, principalmente, uma velhice mais saudável, é o que garantem os profissionais de saúde especializados em gerontologia.
A fisioterapeuta gerontóloga Cristina Ribeiro explica que com o aumento da expectativa de vida e os avanços da ciência - que possibilitam qualidade de vida - não cabe mais pensar apenas na figura da "vovozinha" sentado numa cadeira acompanhando passivamente o passar dos dias. "Os idosos querem e podem ter uma rotina produtiva e animada. A postura pró-ativa nesse estágio de vida, especialmente após a aposentadoria é questão de saúde", reconhece a especialista.
Segundo ela, estabelecer projetos e desafios a serem conquistados é motivador e traz benefícios psicológicos e físicos porque levam as pessoas com mais idade a continuarem ativas como agentes sociais.
Segundo o Ministério da Saúde, até o ano de 2050, o Brasil terá 63 milhões de idosos. Prevendo esse novo cenário populacional, o governo já discute a reformulação das políticas públicas relacionadas à área da Previdência e da Saúde. No cotidiano das pessoas idosas uma nova forma de vivenciar essa etapa da vida também é cada vez mais evidente.
Aposentadoria
O processo de aposentadoria, por exemplo, está passando por adaptações. Algumas empresas desenvolvem programas específicos para preparar os empregados para o momento de se desligar do trabalho. "A preparação é fundamental, imagina a mudança na vida das pessoas que por décadas trabalharam oito horas por dia e, de repente, perdem essa ocupação", exalta Cristina. Se elas tiverem projetos de vida estabelecidos, essa transição estará prevista e não representará um problema, e sim uma nova fase da vida. Não raro, as pessoas que se aposentam sem a devida preparação desenvolvem problemas psicológicos - como depressão - e até físicos, pela mudança no ritmo de vida, resultando em sedentarismo e as patologias decorrentes da falta de atividade física.
Por conta disso, é cada vez mais comum as pessoas se dedicarem a uma nova profissão quando se aposentam. Na maioria das vezes, não é visando ganhos financeiros, mas a realização de um antigo desejo ou para aproveitar o tempo, que agora está com menos atividades e mais disponível. O publicitário Vilmar Machado, por exemplo, já sabe qual será seu passatempo na aposentadoria. "Como não dá pra viver de arte nesse país, tive que abdicar da minha paixão pela pintura, mas quando me aposentar, voltarei a exercer esse ofício que tanto gosto", planeja.
Prática de atividades físicas, alimentação balanceada e atenção com detalhes da rotina e as limitações naturais da idade são alguns dos cuidados importantes com os idosos. Os profissionais da gerontologia, que cuidam justamente de todos os aspectos envolvidos no processo de envelhecimento - sociais, culturais e biológicos - defendem o acréscimo nessa lista de "projetos e objetivos de vida", esteja a pessoa com 10, 40 ou 100 anos. "Os idosos que têm projetos de vidas, a curto ou médio prazo, mesmo sendo coisas simples, como a meta de voltar a andar ou de fazer atividades cotidianas de forma independente (ir à padaria ou sacar sua aposentadoria sozinhos, por exemplo) respondem melhor ao tratamento", constata a fisioterapeuta. Para ela, é visível a diferença, além da motivação por continuar produzindo e se relacionando ativamente com o mundo e as pessoas.
Velhinhos jogando dominó nas praças ou senhoras fazendo tricô enquanto assistem à novela. Por muitos anos essas imagens eram referências ao se falar em aposentados. Contudo, essas cenas estão ficando no passado, dando lugar a idosos com uma agenda movimentada, que contempla a academia, viagens, entre outras atividades. A rotina agitada propicia motivação e, principalmente, uma velhice mais saudável, é o que garantem os profissionais de saúde especializados em gerontologia.
A fisioterapeuta gerontóloga Cristina Ribeiro explica que com o aumento da expectativa de vida e os avanços da ciência - que possibilitam qualidade de vida - não cabe mais pensar apenas na figura da "vovozinha" sentado numa cadeira acompanhando passivamente o passar dos dias. "Os idosos querem e podem ter uma rotina produtiva e animada. A postura pró-ativa nesse estágio de vida, especialmente após a aposentadoria é questão de saúde", reconhece a especialista.
Segundo ela, estabelecer projetos e desafios a serem conquistados é motivador e traz benefícios psicológicos e físicos porque levam as pessoas com mais idade a continuarem ativas como agentes sociais.
Segundo o Ministério da Saúde, até o ano de 2050, o Brasil terá 63 milhões de idosos. Prevendo esse novo cenário populacional, o governo já discute a reformulação das políticas públicas relacionadas à área da Previdência e da Saúde. No cotidiano das pessoas idosas uma nova forma de vivenciar essa etapa da vida também é cada vez mais evidente.
Aposentadoria
O processo de aposentadoria, por exemplo, está passando por adaptações. Algumas empresas desenvolvem programas específicos para preparar os empregados para o momento de se desligar do trabalho. "A preparação é fundamental, imagina a mudança na vida das pessoas que por décadas trabalharam oito horas por dia e, de repente, perdem essa ocupação", exalta Cristina. Se elas tiverem projetos de vida estabelecidos, essa transição estará prevista e não representará um problema, e sim uma nova fase da vida. Não raro, as pessoas que se aposentam sem a devida preparação desenvolvem problemas psicológicos - como depressão - e até físicos, pela mudança no ritmo de vida, resultando em sedentarismo e as patologias decorrentes da falta de atividade física.
Por conta disso, é cada vez mais comum as pessoas se dedicarem a uma nova profissão quando se aposentam. Na maioria das vezes, não é visando ganhos financeiros, mas a realização de um antigo desejo ou para aproveitar o tempo, que agora está com menos atividades e mais disponível. O publicitário Vilmar Machado, por exemplo, já sabe qual será seu passatempo na aposentadoria. "Como não dá pra viver de arte nesse país, tive que abdicar da minha paixão pela pintura, mas quando me aposentar, voltarei a exercer esse ofício que tanto gosto", planeja.
Prática de atividades físicas, alimentação balanceada e atenção com detalhes da rotina e as limitações naturais da idade são alguns dos cuidados importantes com os idosos. Os profissionais da gerontologia, que cuidam justamente de todos os aspectos envolvidos no processo de envelhecimento - sociais, culturais e biológicos - defendem o acréscimo nessa lista de "projetos e objetivos de vida", esteja a pessoa com 10, 40 ou 100 anos. "Os idosos que têm projetos de vidas, a curto ou médio prazo, mesmo sendo coisas simples, como a meta de voltar a andar ou de fazer atividades cotidianas de forma independente (ir à padaria ou sacar sua aposentadoria sozinhos, por exemplo) respondem melhor ao tratamento", constata a fisioterapeuta. Para ela, é visível a diferença, além da motivação por continuar produzindo e se relacionando ativamente com o mundo e as pessoas.
PIADA KKKKK
Piadas - Lar do idosos13
Nov às 16h51 - 13/11/2010o sujeito bate na porta de uma casa e, assim que um homem abre, ele diz:
— O senhor poderia contribuir com o Lar dos Idosos?
— É claro! Espere um pouco que eu vou buscar a minha sogra!
Nov às 16h51 - 13/11/2010o sujeito bate na porta de uma casa e, assim que um homem abre, ele diz:
— O senhor poderia contribuir com o Lar dos Idosos?
— É claro! Espere um pouco que eu vou buscar a minha sogra!
envelhecimento da população - exigências
As exigências do envelhecimento da população
Dilceu Sperafico
A população brasileira está envelhecendo com a pressa da juventude. Depois de ser conhecido como o país do futuro, devido à predominância da infância entre seus habitantes, a partir de 2035 o Brasil terá mais idosos do que crianças e adolescentes. Em 2050, a idade média da população será de 46,2 anos. Em 1980 era de 20,2 anos. Por incrível que possa parecer, na década de 40 eram raros os brasileiros que passavam dos 50 anos de idade, pois a expectativa de vida era de apenas 45,5 anos.
Menos de 70 anos depois, com avanços da medicina e melhorias das condições de vida, o índice chegou à média de 72,8 anos. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no início de dezembro de 2009, a elevação da expectativa de vida desde os anos 40 superou os 27 anos e somente nos últimos 10 anos avançou 3,2 anos.
Desde 1999, o órgão divulga anualmente a relatório sobre mortalidade da população, cumprindo o Decreto Federal 3.266. Os dados relativos a 1.º de julho do ano anterior, por sinal, são utilizados pela Previdência Social como parâmetros do fator previdenciário, observado na concessão de aposentadorias.
Segundo o último levantamento, em 1998 o brasileiro vivia em média 69,66 anos. Em 2008, as mulheres viviam 76,71 e os homens 69,11 anos. A projeção de especialistas é de que em 2050 chegue aos 81,29 anos.
Por isso, não demorará muito para que os idosos tenham maior participação na sociedade do que jovens. As crianças de zero a 14 anos, que eram 38,24% da população em 1980, são agora 26,04%. Enquanto isso, os maiores de 65 anos passaram de 4,01% para 6,67% no mesmo período. Em 2050, os jovens serão 13,15% e os idosos 22,71% da população total.
A mudança se deve à queda da taxa de natalidade, que caiu de 3,04% em 1950, para 1,64% em 2000, reduzindo na mesma proporção o crescimento da população brasileira. Conforme o levantamento, até 1960 a taxa de fecundidade superava seis filhos por mulher, caindo para 1,86 menos de 50 anos depois.
Por isso, nem mesmo a melhoria da qualidade de vida da população elevou o nível de reposição das gerações. Na última década, a mortalidade infantil caiu 30% no Brasil, reduzindo em 200 mil, o número de óbitos de crianças.
Entre 1970 e 2008, o índice de crianças mortas antes de completar um ano de vida caiu de 100 para 23,30 por mil nascidas vivas. Em países desenvolvidos, a taxa é inferior a 10. Além disso, a mortalidade na juventude também continua elevada no País.
De 1998 a 2008, mais de 272 mil jovens de 15 a 24 anos morreram por causas externas no Brasil, o que representa a média de 68 óbitos diários. Conforme especialistas, sendo mantidas as atuais tendências e parâmetros da projeção da população, o Brasil segue rapidamente para um perfil demográfico cada vez mais envelhecido, o que exigirá muito de governantes e da sociedade.
O fenômeno exigirá de governantes e legisladores adequações da legislação e de políticas sociais, especialmente daquelas voltadas às crescentes demandas nas áreas da saúde, previdência e assistência social, de parte da população idosa.
Da mesma forma, implicará na adaptação das próprias famílias, das residências e das cidades, para o atendimento das necessidades e expectativas dos nossos queridos idosos, pois precisamos zelar cada vez mais e melhor e usufruir da sabedoria de nossos pais, avós e bisavós.
Dilceu Sperafico
A população brasileira está envelhecendo com a pressa da juventude. Depois de ser conhecido como o país do futuro, devido à predominância da infância entre seus habitantes, a partir de 2035 o Brasil terá mais idosos do que crianças e adolescentes. Em 2050, a idade média da população será de 46,2 anos. Em 1980 era de 20,2 anos. Por incrível que possa parecer, na década de 40 eram raros os brasileiros que passavam dos 50 anos de idade, pois a expectativa de vida era de apenas 45,5 anos.
Menos de 70 anos depois, com avanços da medicina e melhorias das condições de vida, o índice chegou à média de 72,8 anos. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no início de dezembro de 2009, a elevação da expectativa de vida desde os anos 40 superou os 27 anos e somente nos últimos 10 anos avançou 3,2 anos.
Desde 1999, o órgão divulga anualmente a relatório sobre mortalidade da população, cumprindo o Decreto Federal 3.266. Os dados relativos a 1.º de julho do ano anterior, por sinal, são utilizados pela Previdência Social como parâmetros do fator previdenciário, observado na concessão de aposentadorias.
Segundo o último levantamento, em 1998 o brasileiro vivia em média 69,66 anos. Em 2008, as mulheres viviam 76,71 e os homens 69,11 anos. A projeção de especialistas é de que em 2050 chegue aos 81,29 anos.
Por isso, não demorará muito para que os idosos tenham maior participação na sociedade do que jovens. As crianças de zero a 14 anos, que eram 38,24% da população em 1980, são agora 26,04%. Enquanto isso, os maiores de 65 anos passaram de 4,01% para 6,67% no mesmo período. Em 2050, os jovens serão 13,15% e os idosos 22,71% da população total.
A mudança se deve à queda da taxa de natalidade, que caiu de 3,04% em 1950, para 1,64% em 2000, reduzindo na mesma proporção o crescimento da população brasileira. Conforme o levantamento, até 1960 a taxa de fecundidade superava seis filhos por mulher, caindo para 1,86 menos de 50 anos depois.
Por isso, nem mesmo a melhoria da qualidade de vida da população elevou o nível de reposição das gerações. Na última década, a mortalidade infantil caiu 30% no Brasil, reduzindo em 200 mil, o número de óbitos de crianças.
Entre 1970 e 2008, o índice de crianças mortas antes de completar um ano de vida caiu de 100 para 23,30 por mil nascidas vivas. Em países desenvolvidos, a taxa é inferior a 10. Além disso, a mortalidade na juventude também continua elevada no País.
De 1998 a 2008, mais de 272 mil jovens de 15 a 24 anos morreram por causas externas no Brasil, o que representa a média de 68 óbitos diários. Conforme especialistas, sendo mantidas as atuais tendências e parâmetros da projeção da população, o Brasil segue rapidamente para um perfil demográfico cada vez mais envelhecido, o que exigirá muito de governantes e da sociedade.
O fenômeno exigirá de governantes e legisladores adequações da legislação e de políticas sociais, especialmente daquelas voltadas às crescentes demandas nas áreas da saúde, previdência e assistência social, de parte da população idosa.
Da mesma forma, implicará na adaptação das próprias famílias, das residências e das cidades, para o atendimento das necessidades e expectativas dos nossos queridos idosos, pois precisamos zelar cada vez mais e melhor e usufruir da sabedoria de nossos pais, avós e bisavós.
COTAS PARA IDOSOS EM CONCURSOS PÚBLICOS, SERÁ?????
Enquete: Você concorda com cotas para idosos em concursos públicos
Foi publicado nesta segunda-feira (20/09) a tramitação do Projeto de Lei 60/09 do senador Antônio Carlos Valadares que altera o Estatuto do Idoso e reserva até 5% das vagas em concurso para pessoas com mais de 60 anos. Você, concurseiro, concorda com essa medida??
Dê sua opinião votando em nossa enquete até 28 de setembro ao meio dia. O resultado será divulgado no mesmo dia.
Foi publicado nesta segunda-feira (20/09) a tramitação do Projeto de Lei 60/09 do senador Antônio Carlos Valadares que altera o Estatuto do Idoso e reserva até 5% das vagas em concurso para pessoas com mais de 60 anos. Você, concurseiro, concorda com essa medida??
Dê sua opinião votando em nossa enquete até 28 de setembro ao meio dia. O resultado será divulgado no mesmo dia.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Publicado em 19/10/2009 em Envelhecimento
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Profa. Gizele Monteiro
A redução da Flexibilidade (amplitude de movimento-ADM) no processo de envelhecimento é multifatorial. Devem-se levar em consideração, os processos degenerativos, sejam eles discais, ósseos e/ou ligamentares, além de encurtamentos musculares e desuso. Com o envelhecimento a estrutura dos discos intervertebrais se degenera e, conseqüentemente, o conteúdo médio de fluido e a altura média do disco diminuem. Esta diminuição da altura faz com que as vértebras fiquem mais próximas alterando as relações biomecânicas dessas articulações.
A maior proximidade das vértebras produz um aumento da compressão que será aplicada às superfícies articulares. Esse é apenas um dos diversos fatores que por si só já explicariam a restrição da ADM em idosos.
As articulações tornam-se menos estáveis e menos móveis com o aumento da idade, e os componentes articulares (cartilagem, ligamentos, tendões e líquido sinovial) apresentam mudanças estruturais e funcionais durante o processo de envelhecimento. Estas alterações incluem o aumento no número de cross-links no colágeno e elastina, espessamento da membrana basal e mudanças na concentração do ácido hialurônico, que irão alterar a atividade metabólica e aumentar a resistência dos tecidos conectivos. O resultado final é rigidez tecidual e menor flexibilidade articular.
Geralmente, com a idade, a membrana sinovial torna-se mais fibrosa e o líquido sinovial apresenta evidências de um decréscimo na viscosidade. Normalmente o ácido hialurônico auxilia na regulação da viscosidade dos tecidos.
Com isso, reduções na secreção de ácido hialurônico devem diminuir a eficácia dos movimentos articulares e diminuir a flexibilidade articular. Além disso, a produção de ácido hialurônico é aumentada com o exercício; dessa forma, um decréscimo na atividade afetará negativamente a produção de ácido hialurônico, gerando restrições teciduais e diminuição da mobilidade.
O estudo de Carvalho et al (2006) que avaliou 40 idosos assintomáticos com idade entre 60-75 anos, subdivididos pelo seu respectivo nível de aptidão física não observou diferenças na flexibilidade (ADM) para os movimentos de flexão e extensão. Porém para os movimentos de flexão lateral direita e esquerda e rotação direita e esquerda apresentaram os valores de amplitude diminuidos quando houve a comparação entre os grupos “praticantes de atividade física” e “sedentários”.
Esse resultado demonstra que o nível de atividade física pode ser um fator benéfico na preservação da flexibilidade em idosos.
Sugestão para emagrecer
Publicado em 05/10/2009 em Nutrição
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Grupos Especiais – Obesidade e Sobrepeso
Dieta a dois
Você e seu namorado 8 kg mais magros
Shâmia Salem
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Profa. Gizele Monteiro
A redução da Flexibilidade (amplitude de movimento-ADM) no processo de envelhecimento é multifatorial. Devem-se levar em consideração, os processos degenerativos, sejam eles discais, ósseos e/ou ligamentares, além de encurtamentos musculares e desuso. Com o envelhecimento a estrutura dos discos intervertebrais se degenera e, conseqüentemente, o conteúdo médio de fluido e a altura média do disco diminuem. Esta diminuição da altura faz com que as vértebras fiquem mais próximas alterando as relações biomecânicas dessas articulações.
A maior proximidade das vértebras produz um aumento da compressão que será aplicada às superfícies articulares. Esse é apenas um dos diversos fatores que por si só já explicariam a restrição da ADM em idosos.
As articulações tornam-se menos estáveis e menos móveis com o aumento da idade, e os componentes articulares (cartilagem, ligamentos, tendões e líquido sinovial) apresentam mudanças estruturais e funcionais durante o processo de envelhecimento. Estas alterações incluem o aumento no número de cross-links no colágeno e elastina, espessamento da membrana basal e mudanças na concentração do ácido hialurônico, que irão alterar a atividade metabólica e aumentar a resistência dos tecidos conectivos. O resultado final é rigidez tecidual e menor flexibilidade articular.
Geralmente, com a idade, a membrana sinovial torna-se mais fibrosa e o líquido sinovial apresenta evidências de um decréscimo na viscosidade. Normalmente o ácido hialurônico auxilia na regulação da viscosidade dos tecidos.
Com isso, reduções na secreção de ácido hialurônico devem diminuir a eficácia dos movimentos articulares e diminuir a flexibilidade articular. Além disso, a produção de ácido hialurônico é aumentada com o exercício; dessa forma, um decréscimo na atividade afetará negativamente a produção de ácido hialurônico, gerando restrições teciduais e diminuição da mobilidade.
O estudo de Carvalho et al (2006) que avaliou 40 idosos assintomáticos com idade entre 60-75 anos, subdivididos pelo seu respectivo nível de aptidão física não observou diferenças na flexibilidade (ADM) para os movimentos de flexão e extensão. Porém para os movimentos de flexão lateral direita e esquerda e rotação direita e esquerda apresentaram os valores de amplitude diminuidos quando houve a comparação entre os grupos “praticantes de atividade física” e “sedentários”.
Esse resultado demonstra que o nível de atividade física pode ser um fator benéfico na preservação da flexibilidade em idosos.
Sugestão para emagrecer
Publicado em 05/10/2009 em Nutrição
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Grupos Especiais – Obesidade e Sobrepeso
Dieta a dois
Você e seu namorado 8 kg mais magros
Shâmia Salem
Esta é a oportunidade de ser um Personal Trainer diferenciado – Prescrição de Exercício para Grupos Especiais
Publicado em 24/10/2009 em Cardiopatia, Diabetes, Envelhecimento, Hipertensão, Lesões, Obesidade, Personal Training
1 Comentário. Comente mais!
Por Equipe Mais Vida
Você sabia que prescrever exercícios para grupos especiais como cardiopatas, diabéticos, obesos e lesionados músculo-esqueléticos é uma tarefa que exige conhecimentos específicos e cuidados especias? Em razão disso e de ser uma população que cresce a cada dia em nossa sociedade foi criado o Método Mais Vida®.
O Método Mais Vida® é um sistema estruturado pelo conhecimento teórico-prático e competências, para capacitação e gestão profissional, implantação de programa de treinamento personalizado (Personal Training) nos locais credenciados.
Para isso desenvolvemos um curso de certificação prescrição de exercícios personalizados para diversos perfis de clientes entre eles obesos, diabéticos, cardiopatas, idosos e portadores de lesão músculo-esquelética.
Curso para Certificação
• Curso de capacitação com corpo docente altamente qualificado, mestres e doutores com grande experiência em prescrição de exercícios personalizados
• Conteúdo aprofundado que fará a diferença (40% teórico e 60% prático)
• Interação online através de fóruns de discussão
• Avaliação teórica e prática ao final de cada módulo como critério de aprovação
Além da certificação, Método Mais Vida® também realiza a gestão dos profissionais.
Gestão de Carreira Profissional
• Participação de uma equipe qualificada com o agenciamento para os pontos de atendimento com o Método Mais Vida®.
• Gerenciamento constante da carreira do profissional e empregabilidade
• Plano de carreira e planejamento para se tornar um palestrante, coordenador e gestor em clínicas, academias e locais onde o Método Mais Vida®for implantado.
Mais informações acesse: Currso para certificação
Casos de anorexia entre idosas quase triplicam na Europa
Publicado em 23/10/2009 em Envelhecimento, Nutrição, Saúde
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Profa. Ms Gizele Monteiro
Os transtornos alimentares tão discutidos hoje afetam também os idosos. Vale a pena conferir a matéria publicada pela Folha On line. O exercício é uma forma eficaz de manter não só a saúde do idoso, mas também entra como uma atividade na vida desse idoso trazendo também a socialização. Procure o atendimento e a orientação do Método Mais Vida®.
Por Anelise Infante - de Madri para a BBC Brasil
Um estudo médico espanhol constatou que, em uma década, os casos de anorexia quase triplicaram entre a população europeia com mais de 65 anos.
O estudo apresentado no 9º Congresso Nacional de Organizações de Idosos da Espanha diz que o índice de mulheres europeias com mais de 60 anos com anorexia passou de 1,8% a 5% nos últimos 10 anos.
O aumento é similar ao da população adolescente. Os casos detectados de jovens entre 13 e 18 anos com anorexia e bulimia subiram de 2,4% para 7% na década.
“São transtornos próprios da civilização que vivemos e os idosos estão expostos às mesmas situações que outros grupos com bombardeios de publicidade e pressão social”, disse à BBC Brasil a diretora da Unidade de Transtornos Alimentares do Hospital de Alicante, Taciana Valderde, uma das autoras do estudo.
“Cada vez há mais pessoas idosas socialmente ativas. A expectativa de vida aumentou e há uma melhora significativa da qualidade de vida, mas também vemos uma grande dificuldade de aceitação de certas limitações e da deterioração da aparência, o que dá origem a estes graves desajustes emocionais.”
Pressão e solidão
Os especialistas espanhóis indicam várias razões para o problema entre idosos, entre elas a pressão social por se manter eternamente jovem dentro dos padrões de beleza impostos pela moda, a a solidão, o estresse e a tendência a sofrer doenças degenerativas.
Segundo o estudo distribuído a cinco mil especialistas no Congresso que se reúne esta semana em Sevilha, 70% das mulheres europeias com mais de 65 anos se sentem descontentes com seu aspecto físico e estariam dispostas a fazer sacrifícios para melhorar.
Este caminho pela melhoria física é entendido como uma tentativa de se voltar atrás no tempo e recuperar a beleza de décadas passada ou permanecer eternamente jovem.
Para os médicos, as frustrações produzem depressões que podem acabar em perda de apetite ou compulsão alimentar.
Quando vivem sozinhos, segundo os especialistas, a vulnerabilidade é maior. O falecimento do cônjuge, a distância dos filhos e o início dos processos degenerativos podem facilitar o surgimento de transtornos alimentares.
“Quando você abre a sua geladeira e só encontra um pedacinho de queijo e dois ovos, aí está aparecendo o problema”, disse à BBC Brasil a nutricionista Teresa Añón, diretora do Instituto de Medicina Avançada de Valencia e participante do congresso de Sevilha.
Homens
A nutricionista afirmou que tratar o transtorno alimentar dos mais velhos é mais difícil do que o dos jovens por causa das doenças associadas ao envelhecimento.
Segundo o estudo, o número de casos de transtornos alimentares entre as mulheres é maior que nos homens, mas a diferença está diminuindo principalmente pelo aumento da incidência de casos entre homens gays.
Considerando as previsões demográficas da ONU que indicam que a Espanha será o país mais velho do mundo em 2050, o presidente da Confederação Espanhola de Organizações de Idosos e do Congresso de Sevilha, José Luis Méler, disse à BBC Brasil que “o mundo precisa de uma cultura de envelhecimento”.
“Porque chegar a idades avançadas ativo e com saúde é um privilégio. Por isso o lema deste congresso é a ‘arte de envelhecer’. Entendemos que viver a passagem do tempo de uma maneira positiva é uma ferramenta fundamental”.
Publicado em 24/10/2009 em Cardiopatia, Diabetes, Envelhecimento, Hipertensão, Lesões, Obesidade, Personal Training
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Por Equipe Mais Vida
Você sabia que prescrever exercícios para grupos especiais como cardiopatas, diabéticos, obesos e lesionados músculo-esqueléticos é uma tarefa que exige conhecimentos específicos e cuidados especias? Em razão disso e de ser uma população que cresce a cada dia em nossa sociedade foi criado o Método Mais Vida®.
O Método Mais Vida® é um sistema estruturado pelo conhecimento teórico-prático e competências, para capacitação e gestão profissional, implantação de programa de treinamento personalizado (Personal Training) nos locais credenciados.
Para isso desenvolvemos um curso de certificação prescrição de exercícios personalizados para diversos perfis de clientes entre eles obesos, diabéticos, cardiopatas, idosos e portadores de lesão músculo-esquelética.
Curso para Certificação
• Curso de capacitação com corpo docente altamente qualificado, mestres e doutores com grande experiência em prescrição de exercícios personalizados
• Conteúdo aprofundado que fará a diferença (40% teórico e 60% prático)
• Interação online através de fóruns de discussão
• Avaliação teórica e prática ao final de cada módulo como critério de aprovação
Além da certificação, Método Mais Vida® também realiza a gestão dos profissionais.
Gestão de Carreira Profissional
• Participação de uma equipe qualificada com o agenciamento para os pontos de atendimento com o Método Mais Vida®.
• Gerenciamento constante da carreira do profissional e empregabilidade
• Plano de carreira e planejamento para se tornar um palestrante, coordenador e gestor em clínicas, academias e locais onde o Método Mais Vida®for implantado.
Mais informações acesse: Currso para certificação
Casos de anorexia entre idosas quase triplicam na Europa
Publicado em 23/10/2009 em Envelhecimento, Nutrição, Saúde
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Profa. Ms Gizele Monteiro
Os transtornos alimentares tão discutidos hoje afetam também os idosos. Vale a pena conferir a matéria publicada pela Folha On line. O exercício é uma forma eficaz de manter não só a saúde do idoso, mas também entra como uma atividade na vida desse idoso trazendo também a socialização. Procure o atendimento e a orientação do Método Mais Vida®.
Por Anelise Infante - de Madri para a BBC Brasil
Um estudo médico espanhol constatou que, em uma década, os casos de anorexia quase triplicaram entre a população europeia com mais de 65 anos.
O estudo apresentado no 9º Congresso Nacional de Organizações de Idosos da Espanha diz que o índice de mulheres europeias com mais de 60 anos com anorexia passou de 1,8% a 5% nos últimos 10 anos.
O aumento é similar ao da população adolescente. Os casos detectados de jovens entre 13 e 18 anos com anorexia e bulimia subiram de 2,4% para 7% na década.
“São transtornos próprios da civilização que vivemos e os idosos estão expostos às mesmas situações que outros grupos com bombardeios de publicidade e pressão social”, disse à BBC Brasil a diretora da Unidade de Transtornos Alimentares do Hospital de Alicante, Taciana Valderde, uma das autoras do estudo.
“Cada vez há mais pessoas idosas socialmente ativas. A expectativa de vida aumentou e há uma melhora significativa da qualidade de vida, mas também vemos uma grande dificuldade de aceitação de certas limitações e da deterioração da aparência, o que dá origem a estes graves desajustes emocionais.”
Pressão e solidão
Os especialistas espanhóis indicam várias razões para o problema entre idosos, entre elas a pressão social por se manter eternamente jovem dentro dos padrões de beleza impostos pela moda, a a solidão, o estresse e a tendência a sofrer doenças degenerativas.
Segundo o estudo distribuído a cinco mil especialistas no Congresso que se reúne esta semana em Sevilha, 70% das mulheres europeias com mais de 65 anos se sentem descontentes com seu aspecto físico e estariam dispostas a fazer sacrifícios para melhorar.
Este caminho pela melhoria física é entendido como uma tentativa de se voltar atrás no tempo e recuperar a beleza de décadas passada ou permanecer eternamente jovem.
Para os médicos, as frustrações produzem depressões que podem acabar em perda de apetite ou compulsão alimentar.
Quando vivem sozinhos, segundo os especialistas, a vulnerabilidade é maior. O falecimento do cônjuge, a distância dos filhos e o início dos processos degenerativos podem facilitar o surgimento de transtornos alimentares.
“Quando você abre a sua geladeira e só encontra um pedacinho de queijo e dois ovos, aí está aparecendo o problema”, disse à BBC Brasil a nutricionista Teresa Añón, diretora do Instituto de Medicina Avançada de Valencia e participante do congresso de Sevilha.
Homens
A nutricionista afirmou que tratar o transtorno alimentar dos mais velhos é mais difícil do que o dos jovens por causa das doenças associadas ao envelhecimento.
Segundo o estudo, o número de casos de transtornos alimentares entre as mulheres é maior que nos homens, mas a diferença está diminuindo principalmente pelo aumento da incidência de casos entre homens gays.
Considerando as previsões demográficas da ONU que indicam que a Espanha será o país mais velho do mundo em 2050, o presidente da Confederação Espanhola de Organizações de Idosos e do Congresso de Sevilha, José Luis Méler, disse à BBC Brasil que “o mundo precisa de uma cultura de envelhecimento”.
“Porque chegar a idades avançadas ativo e com saúde é um privilégio. Por isso o lema deste congresso é a ‘arte de envelhecer’. Entendemos que viver a passagem do tempo de uma maneira positiva é uma ferramenta fundamental”.
A excelente reportagem da Folha equilíbrio mostra as novas descobertas sobre a osteoporose. Vale a pena estar informado.
Atente-se que uma das causas do aparecimento da osteoporose é a falta de estímulos para os ossos da extremidade, função que o exercício pode cumprir muito bem. Busque uma orientação segura e de um profissional qualificado com o Método Mais Vida (contato@metodomaisvida.com.br / Fones: (11) 7871.4162).
Chave da osteoporose pode estar no crânio, revela estudo
da Efe – Washington (19/12/2009)
A chave da osteoporose pode estar nas diferenças que existem entre os ossos do crânio e os das extremidades, revelou um estudo realizado pela Universidade de Londres e divulgado nesta sexta-feira (18) pela revista PLoS ONE.
A osteoporose é o enfraquecimento nos ossos de braços e pernas devido, principalmente, à falta de exercício nas extremidades.
O problema se agrava com o passar dos anos, especialmente em mulheres que já passaram pela menopausa, época em que os níveis de estrogênio diminuem.
Por outro lado, os ossos do crânio, que não sofrem pressões decorrentes do movimento, são particularmente resistentes às fraturas.
Para determinar a origem dessas diferenças, cientistas da Universidade de Londres analisaram os ossos de roedores correspondentes tanto aos das extremidades como aos do crânio. Realizaram, então, um detalhado estudo genético de ambos os tipos de células ósseas.
Segundo explicaram no relatório sobre a pesquisa, em cerca de 4% do genoma houve atividades diferentes nas células.
Também descobriram que o tratamento com estrogênio tinha um maior efeito nas células ósseas das extremidades.
As diferenças são tão grandes que é possível que apareçam já nos primeiros momentos de vida, provavelmente quando os ossos começam a se formar, ainda no ventre da mãe.
“A pesquisa é promissora, pois nos revela por que os ossos do crânio se mantêm fortes apesar da passagem dos anos, em comparação com os de braços e pernas”, explica Simon Rawlinson, professor de biologia da Universidade de Londres.
“Agora, compreendemos melhor o fenômeno e também compreendemos melhor a osteoporose. Com isso se abriram novas frentes na investigação na busca de um tratamento ou da prevenção da doença”, assinalou.
Atente-se que uma das causas do aparecimento da osteoporose é a falta de estímulos para os ossos da extremidade, função que o exercício pode cumprir muito bem. Busque uma orientação segura e de um profissional qualificado com o Método Mais Vida (contato@metodomaisvida.com.br / Fones: (11) 7871.4162).
Chave da osteoporose pode estar no crânio, revela estudo
da Efe – Washington (19/12/2009)
A chave da osteoporose pode estar nas diferenças que existem entre os ossos do crânio e os das extremidades, revelou um estudo realizado pela Universidade de Londres e divulgado nesta sexta-feira (18) pela revista PLoS ONE.
A osteoporose é o enfraquecimento nos ossos de braços e pernas devido, principalmente, à falta de exercício nas extremidades.
O problema se agrava com o passar dos anos, especialmente em mulheres que já passaram pela menopausa, época em que os níveis de estrogênio diminuem.
Por outro lado, os ossos do crânio, que não sofrem pressões decorrentes do movimento, são particularmente resistentes às fraturas.
Para determinar a origem dessas diferenças, cientistas da Universidade de Londres analisaram os ossos de roedores correspondentes tanto aos das extremidades como aos do crânio. Realizaram, então, um detalhado estudo genético de ambos os tipos de células ósseas.
Segundo explicaram no relatório sobre a pesquisa, em cerca de 4% do genoma houve atividades diferentes nas células.
Também descobriram que o tratamento com estrogênio tinha um maior efeito nas células ósseas das extremidades.
As diferenças são tão grandes que é possível que apareçam já nos primeiros momentos de vida, provavelmente quando os ossos começam a se formar, ainda no ventre da mãe.
“A pesquisa é promissora, pois nos revela por que os ossos do crânio se mantêm fortes apesar da passagem dos anos, em comparação com os de braços e pernas”, explica Simon Rawlinson, professor de biologia da Universidade de Londres.
“Agora, compreendemos melhor o fenômeno e também compreendemos melhor a osteoporose. Com isso se abriram novas frentes na investigação na busca de um tratamento ou da prevenção da doença”, assinalou.
Postura do Idoso e a Flexibilidade (parte 2)
Publicado em 24/08/2009 em Envelhecimento
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Profa. Ms Gizele Monteiro
A perda de flexibilidade que ocorre com o processo de envelhecimento está bastante relacionada às mudanças posturais. Um aumento da cifose torácica leva a um grande encurtamento de músculos como os peitorais (maior e menor), paravertebrais, etc.
Essa postura alterada também está relacionada com a perda na qualidade de movimento.
Estudos comparam grupos de idosos com histórico de queda e outro sem histórico de queda e observam que a falta de equilíbrio, de força de membro inferior e da flexibilidade de quadril e tornozelo podem contribuir para a queda do idoso.
O aumento da amplitude de movimento (flexibilidade) é importante para a manutenção de equilíbrio. Os flexores do quadril e joelho precisam ser alongados, pois são encurtados principalmente em idosos sedentários, que ficam sentados durante longos períodos do tempo. Exercícios para esses grupamentos musculares devem fazer parte de um programa para a prevenção de quedas.
A restrição de amplitude no ombro foi encontrada como a mais freqüente, sendo achada em 27% dos idosos. Lembramos que uma perda na amplitude de movimento dessa articulação compromete os movimentos do membro superior, alterando dessa forma a qualidade de movimento, e, dependendo do grau dessa perda, a qualidade de vida do indivíduo, uma vez que ele poderá ter dor ou não realizar uma ação que deseja.
A redução observada estava associada à falta de movimentos amplos da articulação escápulo-umeral e não à incapacidade funcional proporcionada pela idade”. Essa redução pode ser atribuída à alteração no tecido periarticular, tal como um aumento das ligações cruzadas de colágeno, tornando os tecidos mais rígidos.
O Método Mais Vida traz um programa direcionado para as necessidades funcioanais do idoso. O programa conta com exercícios para todas as necessidades posturais sendo que o aluno ainda passa por uma avaliação postural a qual mostra suas necessidades individuais além daquelas produzidas pelo envelhecimento.
Publicado em 24/08/2009 em Envelhecimento
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Profa. Ms Gizele Monteiro
A perda de flexibilidade que ocorre com o processo de envelhecimento está bastante relacionada às mudanças posturais. Um aumento da cifose torácica leva a um grande encurtamento de músculos como os peitorais (maior e menor), paravertebrais, etc.
Essa postura alterada também está relacionada com a perda na qualidade de movimento.
Estudos comparam grupos de idosos com histórico de queda e outro sem histórico de queda e observam que a falta de equilíbrio, de força de membro inferior e da flexibilidade de quadril e tornozelo podem contribuir para a queda do idoso.
O aumento da amplitude de movimento (flexibilidade) é importante para a manutenção de equilíbrio. Os flexores do quadril e joelho precisam ser alongados, pois são encurtados principalmente em idosos sedentários, que ficam sentados durante longos períodos do tempo. Exercícios para esses grupamentos musculares devem fazer parte de um programa para a prevenção de quedas.
A restrição de amplitude no ombro foi encontrada como a mais freqüente, sendo achada em 27% dos idosos. Lembramos que uma perda na amplitude de movimento dessa articulação compromete os movimentos do membro superior, alterando dessa forma a qualidade de movimento, e, dependendo do grau dessa perda, a qualidade de vida do indivíduo, uma vez que ele poderá ter dor ou não realizar uma ação que deseja.
A redução observada estava associada à falta de movimentos amplos da articulação escápulo-umeral e não à incapacidade funcional proporcionada pela idade”. Essa redução pode ser atribuída à alteração no tecido periarticular, tal como um aumento das ligações cruzadas de colágeno, tornando os tecidos mais rígidos.
O Método Mais Vida traz um programa direcionado para as necessidades funcioanais do idoso. O programa conta com exercícios para todas as necessidades posturais sendo que o aluno ainda passa por uma avaliação postural a qual mostra suas necessidades individuais além daquelas produzidas pelo envelhecimento.
CURSOS PARA CUIDADORES DE IDOSOS
Curso de Psicologia do Envelhecimento: O idoso e o cuidador
Ministrado por: Luciene C. Miranda.
Público-alvo: Profissionais e estudantes da área de saúde além de Cuidadores de Idosos.
Conteúdo do curso: Aborda a relação entre psicologia e desenvolvimento humano, modelos de envelhecimento, qualidade de vida no envelhecimento ativo, qualidade de vida do idoso dependente e do Cuidador.
Investimento: R$98,00 Carga horária: 30 horas.
Emissão de certificado ao final do curso
Efetuar Matrícula Saiba Mais
Curso de Cuidador de Idosos – Módulo Básico
Ministrado por Márcio Borges.
Público-alvo: O curso é uma oportunidade para os Cuidadores de Idosos se capacitarem teoricamente e adquirir conhecimentos básicos sobre gerontologia (ciência que estuda o envelhecimento humano).
Conteúdo do curso: Aborda o envelhecimento no Brasil, o Estatuto do Idoso, a profissão de Cuidador de Idosos, os direitos trabalhistas do Cuidador de Idosos, os grandes problemas na saúde dos idosos, a comunicação com o idoso e sua família, as rotinas no trabalho com o idoso dependente e o cuidado que o Cuidador deve ter consigo mesmo.
Investimento: R$98,00 Carga horária: 30 horas.
Emissão de certificado ao final do curso
Efetuar Matrícula Saiba Mais
Curso de introdução ao estudo do envelhecimento humano
Ministrado por Márcio Borges
Público-alvo: Este curso é recomendado à todas as pessoas que se interessam em aprofundar os conhecimentos relacionados ao envelhecimento humano, a familiares de idosos e profissionais e estudantes da área de saúde.
Conteúdo do curso: Aborda o crescimento populacional da terceira idade, a gerontologia e geriatria, os envelhecimentos possíveis, a independência e autonomia do idoso, memória e envelhecimento, as grandes síndromes geriátricas, o Estatuto do idoso e Políticas Públicas.
Investimento: R$98,00 Carga horária: 30 horas.
Emissão de certificado ao final do curso
Efetuar Matrícula Saiba Mais
Curso para profissionais e cuidadores de idosos com demência
Ministrado por Márcio Borges.
Público-alvo: Este curso é indicado para Cuidadores de Idosos e profissionais da área de saúde que já trabalham com idosos portadores da doença de Alzheimer ou desejam conhecer a maneira correta de lidar com esta doença.
Conteúdo do curso: Aborda noções sobre o envelhecimento, demências e Doença de Alzheimer, as rotinas para o idoso com demência, a melhor forma de comunicar com o idoso, os problemas de comportamento dos idosos, os dilemas éticos e os cuidados necessários com os Cuidadores e a família dos idosos dependentes. Possui carga horária de 30 horas.
Investimento: R$98,00 Carga horária: 30 horas.
Ministrado por: Luciene C. Miranda.
Público-alvo: Profissionais e estudantes da área de saúde além de Cuidadores de Idosos.
Conteúdo do curso: Aborda a relação entre psicologia e desenvolvimento humano, modelos de envelhecimento, qualidade de vida no envelhecimento ativo, qualidade de vida do idoso dependente e do Cuidador.
Investimento: R$98,00 Carga horária: 30 horas.
Emissão de certificado ao final do curso
Efetuar Matrícula Saiba Mais
Curso de Cuidador de Idosos – Módulo Básico
Ministrado por Márcio Borges.
Público-alvo: O curso é uma oportunidade para os Cuidadores de Idosos se capacitarem teoricamente e adquirir conhecimentos básicos sobre gerontologia (ciência que estuda o envelhecimento humano).
Conteúdo do curso: Aborda o envelhecimento no Brasil, o Estatuto do Idoso, a profissão de Cuidador de Idosos, os direitos trabalhistas do Cuidador de Idosos, os grandes problemas na saúde dos idosos, a comunicação com o idoso e sua família, as rotinas no trabalho com o idoso dependente e o cuidado que o Cuidador deve ter consigo mesmo.
Investimento: R$98,00 Carga horária: 30 horas.
Emissão de certificado ao final do curso
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Curso de introdução ao estudo do envelhecimento humano
Ministrado por Márcio Borges
Público-alvo: Este curso é recomendado à todas as pessoas que se interessam em aprofundar os conhecimentos relacionados ao envelhecimento humano, a familiares de idosos e profissionais e estudantes da área de saúde.
Conteúdo do curso: Aborda o crescimento populacional da terceira idade, a gerontologia e geriatria, os envelhecimentos possíveis, a independência e autonomia do idoso, memória e envelhecimento, as grandes síndromes geriátricas, o Estatuto do idoso e Políticas Públicas.
Investimento: R$98,00 Carga horária: 30 horas.
Emissão de certificado ao final do curso
Efetuar Matrícula Saiba Mais
Curso para profissionais e cuidadores de idosos com demência
Ministrado por Márcio Borges.
Público-alvo: Este curso é indicado para Cuidadores de Idosos e profissionais da área de saúde que já trabalham com idosos portadores da doença de Alzheimer ou desejam conhecer a maneira correta de lidar com esta doença.
Conteúdo do curso: Aborda noções sobre o envelhecimento, demências e Doença de Alzheimer, as rotinas para o idoso com demência, a melhor forma de comunicar com o idoso, os problemas de comportamento dos idosos, os dilemas éticos e os cuidados necessários com os Cuidadores e a família dos idosos dependentes. Possui carga horária de 30 horas.
Investimento: R$98,00 Carga horária: 30 horas.
O CUIDADOR E A AOMPAIXÃO
A sabedoria dos ensinamentos budistas me encanta e sempre que os “maremotos” tentam me desequilibrar, em meio às ondas do Alzheimer, busco-a para nela fortalecer meu espírito.
Nessas três últimas semanas, vivendo a minha incessante luta para oferecer à minha mãe as melhores condições para manutenção de sua qualidade de vida, tenho me deparado com a dificuldade de encontrar profissionais com perfil e capacitação para exercer as funções de um bom cuidador.
Foi assim que, um tanto angustiada pela situação, busquei reler trechos do ‘Livro Tibetano do Viver e Morrer’, de autoria do professor budista do Tibete – Sogyal Rinpoche e voltei a me emocionar com o belíssimo capítulo que discorre sobre a compaixão, cujo pequeno trecho que escolhi para dividir com vocês diz assim: “…a compaixão é uma coisa muito maior e mais nobre do que sentir dó. Quando você sente dó, as raízes desse sentimento estão deitadas no medo e num sentimento de arrogância e condescendência, às vezes até um presunçoso ‘ainda bem que isso não é comigo’.”
Em continuidade ao trecho acima destacado, o autor faz referência a Stephen Levine (autor e professor de meditação guiada e cura técnicas – ‘Healing’) que, de forma delicada e preciosa, faz-nos compreender o significado desse nobre sentimento:
“Quando seu medo toca a dor de alguém, torna-se piedade; quando seu amor toca a dor de alguém, torna-se compaixão’.”
Aqui no site, temos debatido sobre as qualidades e o perfil necessário para que se possa cuidar de nossos idosos. Falamos do respeito, da paciência, da dedicação, do carinho, do senso de humor e, sobretudo, falamos do amor. Hoje, quero falar e refletir sobre a compaixão.
Diante do entra e sai de candidatas – com ou sem curso de capacitação – que se oferecem para exercer a atividade de cuidadora de minha mãe, pelo que tenho observado durante os períodos de experiência, além de uma visão equivocada sobre a questão do que seja cuidar de alguém, a grande maioria demonstra inabilidade para exercer a profissão.
Explico: quando se encontra alguém com perfil que se encaixa nos níveis aceitáveis de educação doméstica, princípios éticos, noções básicas de higiene, faltam-lhe as habilidades específicas necessárias para interagir com o idoso portador de DA e a motivação para aprendê-las. Por outro lado, aquelas que se enquadram num perfil mais próximo do desejado, enfrentam o problema de não terem com quem deixar seus filhos, pois não há creches gratuitas e confiáveis para cuidar dos pequenos enquanto cumprem suas jornadas de trabalho.
Claro está que a questão social e cultural tem um peso significante quando levamos em consideração os níveis de escolaridade muito baixos, a precária situação econômica e o preconceito em relação aos idosos – principalmente os dependentes que são vistos como pessoas que já não mais possuem vontade própria ou direito a ter suas preferências.
A reflexão que pretendo estimular aqui é de que esse não é simplesmente um problema de profissionais com capacitação técnica, mas de se poder contar com pessoas que possuam habilidades próprias para lidar com a fragilidade humana.
Nos últimos tempos, tenho tido a sensação de que o ser humano – com medo dos próprios sentimentos e para não se arriscar a expor a sua própria fragilidade – torna-se aquele fazedor de tarefas sem muito envolvimento ou compromisso com o que faz. Percebe-se claramente o medo, a rejeição e a impaciência. Minha mãe também percebe e costuma demonstrar isso se recusando a ser tocada ou cuidada por aquela pessoa. Mas, vocês devem estar perguntando, o que tem isso a ver com compaixão?
Digo-lhes: tem tudo a ver! A compaixão de que nos fala o Prof. Rinpoche e que o Prof. Stephen Levine reafirma, nenhuma relação tem com pena ou piedade. A compaixão é o mergulho consciente no reconhecimento da nossa condição humana, sujeita aos mesmos ciclos de sofrimentos, fraquezas e fragilidades de qualquer ser vivente.
Ela é, portanto, a fonte de onde brota a solidariedade, o perdão, o serviço. É o “amar ao próximo como a si mesmo” como nos ensinou Cristo. Sem dúvida alguma, é a genuína e essencial sensibilidade que nos capacita olhar para outro ser humano, vendo a nós mesmos naquela condição e situação em que se encontra.
Enfim, conforme afirma Leonardo Boff em seu texto ‘Saber Cuidar – Ética do Humano’: “Tudo começa com o sentimento. É o sentimento que nos faz sensíveis ao que está à nossa volta, que nos faz desgostar. É o sentimento que nos une às coisas e nos envolve com as pessoas… É o sentimento que torna pessoas, coisas e situações importantes para nós. Esse sentimento profundo, repetimos, se chama cuidado.”
Meu grande abraço e uma boa semana para todos.
Gracinha Medeiros
A sabedoria dos ensinamentos budistas me encanta e sempre que os “maremotos” tentam me desequilibrar, em meio às ondas do Alzheimer, busco-a para nela fortalecer meu espírito.
Nessas três últimas semanas, vivendo a minha incessante luta para oferecer à minha mãe as melhores condições para manutenção de sua qualidade de vida, tenho me deparado com a dificuldade de encontrar profissionais com perfil e capacitação para exercer as funções de um bom cuidador.
Foi assim que, um tanto angustiada pela situação, busquei reler trechos do ‘Livro Tibetano do Viver e Morrer’, de autoria do professor budista do Tibete – Sogyal Rinpoche e voltei a me emocionar com o belíssimo capítulo que discorre sobre a compaixão, cujo pequeno trecho que escolhi para dividir com vocês diz assim: “…a compaixão é uma coisa muito maior e mais nobre do que sentir dó. Quando você sente dó, as raízes desse sentimento estão deitadas no medo e num sentimento de arrogância e condescendência, às vezes até um presunçoso ‘ainda bem que isso não é comigo’.”
Em continuidade ao trecho acima destacado, o autor faz referência a Stephen Levine (autor e professor de meditação guiada e cura técnicas – ‘Healing’) que, de forma delicada e preciosa, faz-nos compreender o significado desse nobre sentimento:
“Quando seu medo toca a dor de alguém, torna-se piedade; quando seu amor toca a dor de alguém, torna-se compaixão’.”
Aqui no site, temos debatido sobre as qualidades e o perfil necessário para que se possa cuidar de nossos idosos. Falamos do respeito, da paciência, da dedicação, do carinho, do senso de humor e, sobretudo, falamos do amor. Hoje, quero falar e refletir sobre a compaixão.
Diante do entra e sai de candidatas – com ou sem curso de capacitação – que se oferecem para exercer a atividade de cuidadora de minha mãe, pelo que tenho observado durante os períodos de experiência, além de uma visão equivocada sobre a questão do que seja cuidar de alguém, a grande maioria demonstra inabilidade para exercer a profissão.
Explico: quando se encontra alguém com perfil que se encaixa nos níveis aceitáveis de educação doméstica, princípios éticos, noções básicas de higiene, faltam-lhe as habilidades específicas necessárias para interagir com o idoso portador de DA e a motivação para aprendê-las. Por outro lado, aquelas que se enquadram num perfil mais próximo do desejado, enfrentam o problema de não terem com quem deixar seus filhos, pois não há creches gratuitas e confiáveis para cuidar dos pequenos enquanto cumprem suas jornadas de trabalho.
Claro está que a questão social e cultural tem um peso significante quando levamos em consideração os níveis de escolaridade muito baixos, a precária situação econômica e o preconceito em relação aos idosos – principalmente os dependentes que são vistos como pessoas que já não mais possuem vontade própria ou direito a ter suas preferências.
A reflexão que pretendo estimular aqui é de que esse não é simplesmente um problema de profissionais com capacitação técnica, mas de se poder contar com pessoas que possuam habilidades próprias para lidar com a fragilidade humana.
Nos últimos tempos, tenho tido a sensação de que o ser humano – com medo dos próprios sentimentos e para não se arriscar a expor a sua própria fragilidade – torna-se aquele fazedor de tarefas sem muito envolvimento ou compromisso com o que faz. Percebe-se claramente o medo, a rejeição e a impaciência. Minha mãe também percebe e costuma demonstrar isso se recusando a ser tocada ou cuidada por aquela pessoa. Mas, vocês devem estar perguntando, o que tem isso a ver com compaixão?
Digo-lhes: tem tudo a ver! A compaixão de que nos fala o Prof. Rinpoche e que o Prof. Stephen Levine reafirma, nenhuma relação tem com pena ou piedade. A compaixão é o mergulho consciente no reconhecimento da nossa condição humana, sujeita aos mesmos ciclos de sofrimentos, fraquezas e fragilidades de qualquer ser vivente.
Ela é, portanto, a fonte de onde brota a solidariedade, o perdão, o serviço. É o “amar ao próximo como a si mesmo” como nos ensinou Cristo. Sem dúvida alguma, é a genuína e essencial sensibilidade que nos capacita olhar para outro ser humano, vendo a nós mesmos naquela condição e situação em que se encontra.
Enfim, conforme afirma Leonardo Boff em seu texto ‘Saber Cuidar – Ética do Humano’: “Tudo começa com o sentimento. É o sentimento que nos faz sensíveis ao que está à nossa volta, que nos faz desgostar. É o sentimento que nos une às coisas e nos envolve com as pessoas… É o sentimento que torna pessoas, coisas e situações importantes para nós. Esse sentimento profundo, repetimos, se chama cuidado.”
Meu grande abraço e uma boa semana para todos.
Gracinha Medeiros
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